Menongue - O Estado angolano perdeu mais de 167 mil milhões de kwanzas, de forma fraudulenta, com a extinta unidade da Casa de Segurança, na provincia do Cuando Cubango, de 2003 a 2021.
A informação foi tornada pública, sexta-feira, em Menongue, capital do Cuando Cubango, pelo ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, ao esclarecer a desactivação, em 2021, da referida unidade.
Adiantou que a referida unidade consumia mensalmente um mil milhão e 38 milhões de kwanzas, no pagamento de salários dos seus efectivos.
A extinção resultou de um trabalho da Procuradoria-Geral da República, que provocou o congelamento das contas e consequente cadastramento dos efectivos, para comprovar quem são efectivamente militares.
Dos três mil e sete efectivos que auferiam salários, apenas 234 foram reconduzidos, dos quais 91 são fiscais ambientais, que a Casa Militar continua a pagar salários e a atribuir logística e todos os benefícios.
Esclareceu que a maioria dos visados não era militar, enquanto outros foram desmobilizados e licenciados, ao abrigo do Memorando do Luena, de 2002, e depois integrados na unidade do Cuando Cubango, sem a devida aprovação superior.
Sobre o surgimento da extinta Casa de Segurança no Cuando Cubango, Francisco Pereira Furtado esclareceu que se criaram várias estruturas que, primeiramente, estiveram acopladas ao antigo Gabinete de Reconstrução Nacional, transitando depois para a Casa de Segurança, à margem das leis e das normas.
Explicou que nenhuma unidade militar deve ser criada, sem que haja um decreto e uma estrutura orgânica, como aconteceu no Cuando Cubango e em outras províncias.
Além do Cuando Cubango, estão também em extinção uma companhia de transportes rodoviários e outras sub-unidades, que estavam enquadradas na brigada especial de desminagem, no Zenza de Itombe (província do Cuanza Norte).
Quanto ao Cuando Cubango Futebol Clube, representante da província no girabola, afirmou que foi também criado à revelia, mas assegurou que, nos próximos dias, os problemas salarial e logístico da agremiação serão resolvidos.
Afirmou que, apesar da situação, a Casa Militar submeteu, para apreciação e aprovação do Presidente da República, uma proposta para manter a assistência, do ponto de vista salarial e do abastecimento alimentar, até ao fim da actual época desportiva.
Salientou que o Governo do Cuando Cubango vai criar condições para captar financiamento ou patrocínio das empresas locais, visando sustentar o clube no próximo ano.