Luanda – Angola votou, quarta-feira (11), na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, a favor da resolução que exige cessar-fogo em Gaza.
A votação da resolução A/ES-10L.33, que obteve 158 votos a favor, 9 contra e 13 abstenções, ocorreu durante a 10ª sessão especial de emergência retomada da Assembleia Geral da ONU sobre as “acções israelitas ilegais em Jerusalém Oriental e o resto do território Palestino ocupado”.
Ao intervir no debate geral sobre o assunto, o representante permanente adjunto e encarregado de negócios da Missão de Angola junto das Nações Unidas, Mateus Luemba, defendeu a necessidade do término do conflito, realçando a necessidade da implementação imediata do cessar-fogo que não pode esperar mais.
Segundo o diplomata, deve ser concedida assistência humanitária plena e ilimitada e todos os reféns devem ser libertados incondicionalmente.
“O momento para a nossa acção colectiva é agora para o bem daqueles que, em Gaza, vêem esta organização como a sua última esperança para alcançar a paz e a estabilidade”, frisou.
Apelou a todas as partes envolvidas no conflito de Gaza para que exerçam a máxima contenção, ponham fim imediato a todas as hostilidades e respeitem integralmente o direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário.
Conforme o diplomata, o retomar da sessão especial de emergência “ocorre num contexto internacional muito desafiante e complexo, particularmente devido às preocupações estratégicas e às implicações regionais no ambiente político e diplomático no Médio Oriente” e à grave deterioração da situação humanitária e de segurança na Faixa de Gaza.
“Enquanto nos reunimos nesta sessão especial de emergência, civis sofrem e morrem todos os dias. Neste conflito não há vencedores, todos são vítimas. Os civis, na sua maioria mulheres e crianças, estão a pagar um preço elevado, perdendo tudo, incluindo as suas próprias vidas”, sustentou.
Sublinhou que Angola condena o terrorismo em todas as suas formas e manifestações, independentemente da sua motivação ou dos seus intervenientes.
Observou que a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), cuja resolução A/ES-10/L.32 foi igualmente votada durante esta sessão com 159 votos a favor, 9 contra e 11 abstenções, tem sido responsável pela educação e prestação de assistência vital a mais de 500 mil crianças palestinas nos territórios ocupados, principalmente através das quase 700 escolas que gere.
Neste contexto, acrescentou, a cessação ou restrição das actividades da UNRWA deixaria os refugiados palestinos sem a assistência essencial de que necessitam.
O embaixador Mateus Luemba afirmou que Angola “manifesta a sua preocupação com a terrível situação humanitária na Faixa de Gaza” e considera que qualquer medida para impedir a presença da UNRWA prejudicaria os direitos humanos fundamentais, incluindo os direitos à vida, saúde, alimentação, água e ao saneamento, e concomitantemente aumentaria a tensão nesta região muito volátil.
Ressaltou que as Nações Unidas, nomeadamente, o Conselho de Segurança, “devem tomar medidas concretas para implementar as suas próprias resoluções”, criando o Estado soberano independente da Palestina e reafirmou o direito do povo palestino à autodeterminação, incluindo o direito de ter um Estado independente.
No final da sua intervenção, o embaixador Mateus Luemba reiterou que a solução dos dois Estados é a única opção viável para pôr fim ao conflito israelo-palestiniano, uma vez que fornece a base para a existência do Estado de Israel e do Estado da Palestina vivendo juntos em paz e harmonia, cooperando de uma forma normal, como países vizinhos que partilham fronteiras comuns e oportunidades de cooperação bilateral. SC