Luanda - O Presidente da República, João Lourenço, deu a conhecer esta quinta-feira, em Luanda, que o país realizou, em Dezembro último, um censo animal e tem monitorizado um certo número de elefantes no Parque Nacional de Luengue-Luiana, nas províncias do Cuando e Cubango.
Sem dar mais pormenores, na abertura da Conferência Internacional sobre Biodiversidade e Áreas de Conservação, disse que, nesta zona de maior concentração de vida selvagem em Angola, os estudos vêm ajudar o país a definir as rotas desses paquidermes.
No entanto, garantiu que estudos também serão feitos a outras espécies animais, apontando como desafios a desflorestação, queimadas, caça furtiva, conflito homem-animal e os impactos das alterações climáticas.
"Contudo, com determinação e parcerias sólidas, temos feito progressos notáveis e continuaremos a lutar para que Angola seja um exemplo de preservação ambiental no continente africano", destacou.
Áreas de Conservação
Por outro lado, João Lourenço esclareceu que Angola pretende expandir as áreas de conservação dos actuais 13% para 16%, tendo sido propostas novas áreas.
Para o efeito, citou o Morro do Moco, Huambo, Floresta da Cumbira, Cuanza Sul, e a Serra do Pingano, Uíge, como as futuras novas áreas de conservação.
Anunciou que, ainda este ano, o país terá a primeira área de conservação marinha na costa da província do Namibe, bem como a primeira reserva da biosfera se estenderá do Parque Nacional da Kissama ao mar.
Rotas migratórias
No discurso de abertura, João Lourenço defendeu a realização de estudos de avaliação ambiental para evitar danos nas principais rotas migratórias.
Informou que relatos dos anos passados dão conta da morte de várias espécies de aves migratórias em Angola, muitas das quais sobrevoam a costa em direção ao interior, colidindo com cabos elétricos, painéis solares e edifícios altos, entre outros obstáculos.
Lembrou que Angola é uma das principais rotas de transição de espécies migratórias entre a África Austral e a África do Norte.
Segundo o Presidente da República a migração faz parte do ciclo de vida de diversas espécies, sendo necessário que os processos biológicos da espécie se desenvolvam sem grandes sobressaltos e armadilhas, colocadas aparentemente de forma involuntária.
Sobre as questões migratórias de espécies, sobretudo aquáticas, disse que é de extrema importância ter em conta à Convenção de Ramsay, conhecida como a Convenção sobre as Zonas húmidas.
Sublinhou que Angola, em colaboração com o Secretariado da Convenção de Ramsay, identificou, a nível nacional, 11 zonas húmidas, para serem candidatas a Sítio Ramsay de Importância Internacional, como por exemplo o Saco dos Flamingos, nos Ramiros, província de Luanda.
Conforme o Chefe de Estado, com o apoio das organizações e as acções ambientais, Angola está empenhada na plantação de mangais para a proteção das zonas húmidas.
Conferência
A Conferência Internacional sobre Biodiversidade e Áreas de Conservação, a decorrer em Luanda até sexta-feira, é uma organização do Ministério do Ambiente e conta com a participação de especialistas de África, Europa, América e Ásia, visando promover a troca de experiências e fortalecer a proteção ambiental em Angola.
Durante dois dias, serão abordados temas como a necessidade de mecanismos financeiros para a conservação, soluções inclusivas e sustentáveis, o papel das comunidades locais na preservação de espécies ameaçadas, justiça ambiental, direitos humanos e a importância das áreas protegidas. VIC