Luanda - Angola defende a adaptação das Nações Unidas, sobretudo do seu Conselho de Segurança, à actual realidade do mundo, para que seja mais representativo.
Este ponto de vista foi vincado pelo representante permanente da Missão de Angola junto das Nações Unidas, em Nova lorque, Francisco José da Cruz, em entrevista à Voz da América, no quadro da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, cuja sessão de alto nível ocorre na próxima semana.
Lembrou que a África é o único continente que não é representado no Conselho de Segurança onde são tomadas grandes decisões em questões de paz e segurança internacionais, facto que considera um legado histórico pesado.
Contudo, a posição africana, baseada na declaração de Sirte, é de que deve ter dois assentos permanentes neste órgão e cinco não permanentes, quer dizer, mais dois a acrescer aos três não permanentes que África já tem.
Desejamos assim estarem criadas as condições, uma vez aprovado este novo enquadramento, para que a África desempenhe melhor o seu papel a nível das Nações Unidas e possa realmente ter os seus interesses melhor traduzidos e representados.
Afirmou que a maior parte da agenda do Conselho de Segurança, quando se fala de paz e segurança, tem a ver com o continente africano.
Neste contexto, Francisco da Cruz explicou que durante a sua presidência na União Africana, a partir de Fevereiro do próximo ano, Angola dará mais ímpeto a esta reclamação.
Disse que será parte do engajamento permanente que existe entre a União Africana e as Nações Unidas.
Porém, reconheceu que houve passos significativos,ultimamente, com a aprovação de uma resolução para o financiamento por parte das Nações Unidas das operações de paz da União Africana.
"É um tema que necessita ainda de mais discussão para que cheguemos a um entendimento sobre as questões práticas da sua implementação”, frisou.
Engajamento de Angola
Durante a entrevista, o diplomata enfatizou que Angola tem estado muito engajada nas questões de paz e segurança a nível do continente, desde os primórdios da sua independência.
Nos últimos tempos, ressaltou, há um grande empenho para a paz e estabilidade na região dos Grandes Lagos, muito especificamente pelo apoio que está a ser dado para a estabilidade do leste da República Democrática do Congo.
Referiu que, pela sua experiência, o Presidente de Angola, João Lourenço, foi escolhido pelos seus pares como campeão da União Africana para a paz e tem sabido dar o seu melhor para que haja mais estabilidade no continente.
Mencionou as questões que preocupam África neste momento tais como o conflito interno no Sudão, a transição da República Centro-Africana, o terrorismo, os desafios que estão a emergir em função as mudanças inconstitucionais de governo, entre outros, que farão parte parte da agenda muito dinâmica e abrangente da presidência da Angola na União Africana.
Quanto a outras experiências que Angola pode transmitir no panorama internacional, falou do seu percurso para o alcance da paz, perante um conflito armado “terrível”.
Asseverou que actualmente o país tem conseguido ultrapassar as suas diferenças e chegar a um compromisso nacional baseado em estruturas democráticas que se fortificam todos os dias, num ambiente de inclusão política e de tolerância.
“Pensamos ser fundamental partilhar com os outros países africanos, em especial aqueles que estão em situações de conflito”, sublinhou,
Para o efeito, informou que Angola realiza de dois em dois anos, o Fórum Pan-Africano de Cultura de Paz, para partilhar conhecimentos e experiências para que a África alcance a paz através de soluções políticas sustentáveis e inclusivas, que criem realmente um ambiente de estabilidade que seja mais comum, que possa, atrair investimentos e promovam o desenvolvimento do continente.
Discurso do PR na ONU
Ao fazer uma previsão do discurso do Presidente da República, João Lourenço, na 79ª Assembleia Geral da ONU, perspectivou que deverá cingir-se no papel da Angola na mediação de conflitos e no seu posicionamento sobre os desentendimentos mundiais.
Poderá igualmente abordar o impacto das alterações climáticas no continente, sendo que a África é das regiões mais afectadas e a que menos polui.
Segundo Francisco da Cruz, a presença do Chefe de Estado é sempre uma oportunidade para ressaltar a importância do multilateralismo na resolução de problemas e preocupações globais, para que as soluções a encontrar possam incluir todos, bem como também poderá falar sobre a importância da Carta das Nações Unidas.
Durante a entrevista falou também da agenda desta Assembleia Geral, que deverá inscrever questões sobre a paz e segurança mundial e assuntos ligados às alterações climáticas.
Sobre a agenda da delegação angolana, chefiada pelo Presidente da República, falou da participação em reuniões de alto nível, para além de vários contactos bilaterais.ART