Luanda - Angola reafirmou, segunda-feira, na sede da ONU, em Nova Iorque, o seu compromisso em continuar a trabalhar para alcançar a paz e estabilidade duradouras na República Democrática do Congo (RDC) e na Região dos Grandes Lagos.
Intervindo na sessão do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação na República Democrática do Congo, o representante permanente adjunto e encarregado de negócios da Missão de Angola junto das Nações Unidas, Mateus Luemba, destacou o envolvimento do Presidente da República, João Lourenço, enquanto mediador mandatado pela União Africana para ajudar a resolver a crise diplomática entre a RDC e o Ruanda.
De acordo com o embaixador Mateus Luemba, trata-se de uma demonstração inequívoca da importância que as questões de paz e a estabilidade representam para o país e para o continente.
O diplomata angolano aproveitou a ocasião para partilhar os últimos desenvolvimentos do Processo de Luanda, que visa diminuir a tensão e restabelecer um clima de confiança mútua e cooperação entre os dois países irmãos.
A este respeito, referiu que, na sequência das várias reuniões de peritos, a sexta Reunião Ministerial entre a RDC e o Ruanda, que teve lugar no dia 25 de Novembro do ano em curso, em Luanda, aprovou o Conceito de Operações, um documento estratégico que define as modalidades para a implementação do Plano Harmonizado para a Neutralização das Forças de Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), Retirada das Forças/ Levantamento das Medidas de Defesa do Ruanda.
Segundo Mateus Luemba, a plena operacionalização deste mecanismo representa um avanço significativo para garantir a estreita monitorização do Conceito de Operações e o cumprimento integral das medidas de segurança acordadas.
O diplomata informou que uma cimeira tripartida Angola-Ruanda-RDC será realizada em Luanda, no dia 15 de Dezembro de 2024, sob os auspícios do Presidente João Lourenço, a fim de acelerar os esforços de estabilização para a paz no leste da RDC.
Esta cimeira, avançou, reunirá Félix Tshisekedi, Presidente da RDC, e Paul Kagame, Presidente do Ruanda, respectivamente, e representará o culminar de uma série de iniciativas de mediação, para alcançar a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico na região.
“Angola está optimista quanto aos progressos alcançados até agora no sentido de obter a paz definitiva no Leste da RDC e pelo elevado nível de empenho demonstrado pelos dois países envolvidos ao longo do processo de negociação”, salientou.
Ressaltou que os esforços empreendidos pelo Mediador só serão bem-sucedidos se todas as partes interessadas e os actores relevantes, incluindo o Conselho de Segurança, continuarem a apoiar firmemente o processo com vista a contribuir para a criação de um ambiente propício à segurança e estabilidade na região.
Ao concluir a sua intervenção, embaixador Mateus Luemba realçou duas outras iniciativas importantes empreendidas pelo Governo de Angola com o objectivo de contribuir para a paz e a estabilidade na região, nomeadamente o Fórum Regional de Alto Nível das Mulheres da Região dos Grandes Lagos, realizado em Luanda, nos dias 18 e 19 de Outubro, para promover um maior envolvimento das mulheres no processo de paz em curso na Região dos Grandes Lagos.
No âmbito do seu compromisso de trabalhar com as Nações Unidas para apoiar a implementação do Mecanismo de Verificação Ad-hoc Reforçado, a República de Angola assinou a 23 de Novembro, um Memorando de Entendimento com a MONUSCO.
Além dos membros do Conselho de Segurança, a sessão sobre a situação na RDC contou com a participação de Thérèse Kayikwamba Wagner, Ministra de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e Francofonia da República Democrática do Congo, Bintou Keita, representante especial do Secretário-Geral da ONU para a RDC, o representante permanente do Ruanda e um representante da sociedade civil congolesa.
Intervieram ainda no debate os representantes da China, Equador, Eslovénia, Federação Russa, França, Malta, Reino Unido, República da Coreia, Serra Leoa, Suíça e os Estados Unidos da América, este último a cargo da presidência do Conselho de Segurança no mês de Dezembro.
Todos oradores foram unânimes em reconhecer os esforços de mediação do Presidente angolano, João Lourenço, através do Processo de Luanda. ART