Benguela – O processo de actualização cartográfica, que abrange os dez municípios da província de Benguela, entrou na recta final, com vista à criação de mais de sete mil secções censitárias previstas na região, soube hoje a ANGOP.
A actualização cartográfica é a fase que precede a realização do Censo Geral da População e Habitação 2024, dez anos depois do segundo na história do país, numa altura em que as projecções do Instituto Nacional de Estatística (INE) rondam os 35 milhões de habitantes.
Falando à ANGOP sobre a preparação do Censo 2024 em Benguela, o chefe de Serviços Provinciais do INE, José Maria Martins, confirmou que, neste momento, os trabalhos de actualização cartográfica estão na fase final e os resultados irão determinar o número definitivo de secções censitárias a criar.
José Maria Martins disse que a actualização da malha cartográfica serve de base para a realização do Censo 2024, revelando que, até ao momento, as previsões apontam para um número acima de sete mil secções censitárias na província de Benguela.
Contudo, explica que somente a conclusão do processo de actualização cartográfica – já perto do fim dado o ritmo actual– ditará quantas secções censitárias existirão em cada um dos dez municípios.
Isto porque, continuou, passados dez anos desde o Censo 2014, na província de Benguela há bairros que desapareceram e outros que se aglomeraram, à semelhança de algumas aldeias, daí a importância desta actualização cartográfica.
“Aldeias que eram cinco e, hoje, são apenas uma, mas também houve bairros que foram surgindo”, exemplifica, sublinhando que todo o trabalho de actualização da malha cartográfica está a ser feito nesse sentido.
Ponto de situação
Sobre o ponto de situação do processo, referiu que as actividades estão concluídas acima de 90 por cento, de acordo com a previsão feita sobre a taxa de crescimento da população.
Assim, deu a conhecer que os trabalhos estão concluídos na totalidade nos municípios do litoral, nomeadamente Lobito, Catumbela, Benguela e Baía Farta.
Quanto aos municípios do eixo norte, precisou que a actualização cartográfica está finalizada tanto no Balombo, quanto no Bocoio, superadas as dificuldades de acesso a algumas áreas recônditas decorrentes das chuvas.
Relativamente à faixa sul, citou o caso da Ganda, onde, nas últimas duas semanas, os técnicos redobraram os esforços, com enfoque nas comunas do Casseque e da Chicuma, tendo já terminado o processo.
Segundo José Maria Martins, apesar de estar também concluído, o município do Cubal foi o grande “calcanhar de Aquiles”, face à enorme dispersão de casas e aldeias, com mais de cinco quilómetros de distância, a par da intensidade das chuvas este ano.
“Tudo isso dificultou sobremaneira a realização dos nossos trabalhos, porquanto nem as viaturas lá circulavam ou circulam”, enfatizou.
Conforme o responsável, estes entraves obrigaram à utilização de motorizadas, algumas das quais com o apoio da Administração Municipal do Cubal, dada a insuficiência destes meios de locomoção.
Reforço
José Maria Martins dá conta de que, por ser um dos últimos municípios a ser abrangido, as dificuldades no Cubal foram tantas, que “à última hora” receberam um reforço de 30 elementos do Cuanza Sul e 19 outros do Bié.
Como já tinham terminado o mesmo trabalho nos municípios das respectivas províncias, estas equipas vieram ajudar a acelerar o processo, de tal maneira que Benguela venha a cumprir com o horizonte temporal da actualização cartográfica, isto é, até o dia 10 de Maio.
Neste contexto, reconhece que houve empenho, dedicação e comprometimento do pessoal engajado.
“Tudo indica que as nossas actividades na província conhecerão o seu término dentro de poucos dias, porque os técnicos no terreno estão a trabalhar agora nas zonas de difícil acesso em vários municípios", afiançou.
É que, como aclarou, as províncias com menos densidade populacional já terminaram o processo e estão a vir ajudar aquelas de grande densidade, no caso de Benguela, Huíla, Luanda e Malanje.
Além desse reforço, José Maria Martins fez saber que, inicialmente, a equipa local engajada directamente na actualizaçao cartográfica era de quase 60 pessoas, distribuídas por oito equipas, de seis, sete e oito elementos, incluindo o motorista e o supervisor de campo.
Formação
Paralelamente, disse estar em curso a formação dos assistentes técnicos provinciais, que, por sua vez, farão uma acção de formação de formadores para os membros dos grupos municipais, seguindo-se os assistentes técnicos municipais, comunais e locais, para além dos agentes recenseadores.
A par disso, salientou também que a estratégia contempla seminários de disseminação, mobilização e sensibilização para envolver a sociedade civil e os demais actores e as formações já em forma de cascata e de bola de neve, ou seja, num sistema continuado.
Crescimento da população
Por outro lado, realçou as projecções do INE na base da taxa de crescimento de três por cento da população angolana e aventa que o número de habitantes da província de Benguela poderá já ter ultrapassado os três milhões.
“Benguela de há dez anos não é a Benguela de hoje”, conjectura, dando conta do extraordinário crescimento demográfico de toda a parte adjacente ao antigo aeroporto 17 de Setembro, actualmente inoperacional, até às montanhas. JH/CRB