Berlim - Vários casos de vandalismo estão a dominar a campanha eleitoral para as legislativas na Alemanha, com ataques a militantes e destruição de cartazes, noticiou o site Noticias ao Minuto.
Entretanto, depois de, há oito meses, um deputado do Partido Social Democrata (SPD) ter ficado gravemente ferido.
Numa altura em que o Ministério Público de Dresden apresentou as acusações contra três jovens de 18 anos por terem deixado um membro do Parlamento Europeu eleito pelo SPD ferido com gravidade enquanto pendurava cartazes na campanha para as europeias, novos actos de vandalismo e agressões têm-se multiplicado de norte a sul do país.
Em Bookholzberg, na Baixa Saxónia, um homem insultou e atacou fisicamente três militantes dos Verdes.
Em Greifswald, na Pomerânia Ocidental, foram atirados ovos a um posto de informação do SPD.
Em Leipzig, um candidato da União Democrata Cristã (CDU) ao Parlamento contou que um homem de bicicleta lhe atirou um objecto à cabeça, ferindo-o, enquanto afixava um cartaz.
Os casos somam-se em vários pontos do país e o medo dos ataques é transversal a todos os partidos.
A destruição de cartazes também tem aumentado desde a campanha para as últimas eleições europeias.
Um porta-voz do ministério do Interior de Schwerin, no estado de Meclemburgo-Pomerânia Ocidental, revelou à agência de notícias alemã DPA que, só no início da semana, 626 cartazes foram completamente destruídos.
"Os nossos cartazes em formato A1, as nossas faixas e até o espaço de publicidade alugado foram destruídos. Nunca tivemos uma situação semelhante a esta", informou Leif-Erik da Alternativa para a Alemanha (AfD), acrescentando que os prejuízos chegam aos cinco dígitos.
O SPD em Bade-Vurtemberga, por exemplo, decidiu começar a dar formação em segurança aos seus militantes que estão em campanha.
Aprender a discutir com os eleitores e evitar que se tornem violentos é um dos objectivos.
"As campanhas eleitorais na rua e a afixação de cartazes podem ser particularmente perigosas", revela Mario Sander, do SPD, em declarações ao meio de comunicação alemão Tagesschau.
"Se uma pessoa diz claramente que não vai votar no SPD de maneira nenhuma, não vale a pena alimentarmos uma longa conversa", acrescenta.
Não existem estatísticas a nível nacional sobre a frequência dos ataques durante a actual campanha eleitoral, ou se determinados partidos são particularmente visados. Um estudo revela que 80% das pessoas que sofreram ataques ou ameaças sentem consequências físicas e psicológicas como distúrbios do sono, depressão ou dificuldade de concentração.
A autora admite ao Tagesschau que isto pode "pôr em risco a democracia".
"Uma em cada dez pessoas afectadas pondera mesmo abandonar o trabalho político. (...) Precisamos de um empenhamento político, que é muitas vezes voluntário", admitiu Kirsten Eberspach.
Em Manheim, por exemplo, o trabalho de afixar cartazes é feito aos pares e, de preferência, durante o dia.
A Alemanha realiza em 23 de Fevereiro eleições legislativas antecipadas, estavam previstas para 28 de Setembro, na sequência da queda da coligação governamental liderada por Olaf Scholz e composta por SPD, liberais do FDP e Verdes. CQ/GAR