Taipé - Taiwan contestou a promessa do líder chinês, Xi Jinping, de obter controlo sobre a ilha, que a China considera uma província sua, no discurso inaugural do 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), anunciou hoje a Lusa.
O Conselho para os Assuntos do Continente de Taiwan - o principal órgão do governo taiwanês responsável por questões relacionadas com a China - afirmou, no domingo, que a política de Pequim para Taiwan resulta de uma avaliação errada e não oferece novas ideias.
"A República da China é um Estado soberano, e Taiwan nunca fez parte da República Popular da China", defendeu o órgão, em comunicado, após o discurso de Xi.
A mesma nota frisou que o povo de Taiwan "nunca vai aceitar" o chamado Consenso de 1992 ou a fórmula “um país, dois sistemas”, que é usada nas regiões de Macau e Hong Kong, que gozam de alguma autonomia.
O Consenso de 1992 refere-se a um suposto entendimento tácito entre o antigo governo do Kuomintang de Taiwan e o Partido Comunista Chinês, de que ambos os lados do Estreito de Taiwan reconhecem que existe “uma só China”, com cada lado a manter a sua própria interpretação.
"A decisão sobre o futuro de Taiwan cabe aos seus 23 milhões de habitantes", refere o comunicado. "Avisamos as autoridades do PCC para que abandonem actos de coerção e agressão", acrescentou.
Xi prometeu, no domingo, nunca renunciar ao uso da força para assumir o controlo sobre Taiwan.
"Resolver a questão de Taiwan é um assunto do povo chinês e cabe ao povo chinês decidir", apontou Xi, no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, em Pequim.
Xi que deve assumir esta semana um terceiro mandato. "Isto é direccionado à interferência de forças externas e aos separatistas que buscam a independência de Taiwan", acrescentou.
As tensões entre Pequim e Taipé aumentaram nos últimos meses, após a presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, visitar Taipé, em Agosto de 2022.
Pequim lançou os maiores exercícios militares de sempre em torno da ilha, que incluíram o lançamento de mísseis e um cerco de facto ao território