Londres - A Human Rights Watch (HRW) acusou hoje a Rússia de executar, desde o início de Dezembro, pelo menos 15 soldados ucranianos que se tentavam render e exigiu uma investigação por potenciais crimes de guerra, noticia a Lusa.
Num relatório, a organização não-governamental (ONG) de direitos humanos acrescenta ter recebido relatos de que as forças russas terão também executado outros seis soldados ucranianos que se estavam a render ou que já se tinham rendido.
"Desde a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, as forças (russas) cometeram muitos crimes de guerra hediondos", disse num comunicado a directora de Crises e Conflitos da HRW, Belkis Wille.
A execução sumária, ou assassínio de soldados ucranianos rendidos e feridos, mortos a tiros a sangue-frio, expressamente proibida pelo direito humanitário internacional, também está incluída nesse legado vergonhoso", acrescentou Wille.
A HRW recordou que, em Março de 2023, uma missão das Nações Unidas acusou as forças armadas da Rússia e o grupo paramilitar russo Wagner de executar 15 prisioneiros de guerra ucranianos.
Num outro relatório, divulgado em Março passado, as Nações Unidas mencionaram a execução por parte de forças russas de pelo menos 32 prisioneiros de guerra ou soldados ucranianos já rendidos.
Belkis Wille disse que embora cada um destes casos seja horrível, talvez o mais contundente seja a prova que indica que, em pelo menos um caso, as forças russas deram ordens explícitas para matar soldados em vez de permitir que se rendessem, apoiando assim crimes de guerra.
O relatório da HRW referiu que, de acordo com vídeos capturados por drones militares russos e publicados online em Fevereiro, um dirigente terá dado a seguinte ordem a soldados russos na região de Donetsk: "não façam prisioneiros, disparem contra todos".
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de Fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infra-estruturas ucranianas, ao passo que as forças de Ucrânia têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais. GAR