Moscovo - O chefe da diplomacia russa, Serguey Lavrov, pediu hoje o levantamento das sanções contra o Afeganistão governado pelos talibãs exigindo ao ocidente responsabilidades pela reconstrução do país devastado por décadas de guerra.
Apesar das críticas, Lavrov não especificou se a Rússia vai retirar os talibãs da lista de organizações "terroristas", apesar de vários responsáveis de Moscovo terem apelado nesse sentido nos últimos meses, segundo a Lusa.
"Apelamos insistentemente aos países ocidentais para que reconheçam responsabilidades na reconstrução do Afeganistão após o conflito (2001-2021), levantem as sanções e devolvam os activos de Cabul", declarou Lavrov na abertura de conversações sobre o Afeganistão em Moscovo.
As conversações de Moscovo juntaram enviados do Afeganistão, incluindo o chefe da diplomacia Amir Khan Muttaqi, e dos países vizinhos do Médio Oriente e da Ásia Central.
A Rússia está "convencida de que é necessário manter um diálogo pragmático com as actuais autoridades do Afeganistão", sublinhou Lavrov, argumentando que um "diálogo construtivo" com o regime talibã "corresponde aos interesses da segurança e do desenvolvimento económico da região".
Os talibãs estão na lista de organizações terroristas da Rússia desde 2003, mas, mesmo assim, Moscovo mantém relações com Cabul e recebeu os enviados afegãos em Moscovo.
A Rússia tem-se mostrado conciliadora desde a reconquista do poder pelos talibãs no Afeganistão, a 15 de Agosto de 2021.
O chefe dos serviços de segurança russos (FSB), Alexander Bortnikov, elogiou hoje a cooperação "mutuamente benéfica" com os serviços especiais afegãos.
As autoridades russas mostram-se sobretudo preocupadas com a segurança das antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central que fazem fronteira com o Afeganistão e com o eventual aparecimento de novos grupos extremistas.
A Rússia, que tem uma base militar no Tajiquistão, país vizinho do Afeganistão, considera "inaceitável" qualquer instalação de infra-estruturas militares "por parte de países terceiros" em território afegão ou em países vizinhos, "seja qual for o pretexto", afirmou ainda Serguey Lavrov.
Na década de 1980, a União Soviética travou uma guerra de dez anos no Afeganistão.
Muitos combatentes anti-soviéticos tornaram-se posteriormente líderes dos talibãs.
Após os ataques da Al Qaeda contra Nova Iorque, Estados Unidos, em 2001, o Afeganistão foi alvo de uma intervenção militar internacional, no quadro da Aliança Atlântica, liderada pelas forças norte-americanas.
Desde a reconquista do poder, o regime talibã tem endurecido medidas contra as mulheres afegãs sujeitando-as a maus tratos e impedindo-as de estudar ou trabalhar. GAR