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Rússia e China vetam resolução dos EUA para cessar-fogo imediato

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  • Luanda • Sexta, 22 Março de 2024 | 18h33
Bandeira da Rússia
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Divulgação

Nova Iorque - A Rússia e a China vetaram hoje um projecto de resolução proposto pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU que determinava "um cessar-fogo imediato e sustentado" na guerra de Israel contra o Hamas em Gaza.

O texto recebeu 11 votos a favor, uma abstenção (da Guiana) e três votos contra, entre eles da Rússia e da China, dois membros permanentes do Conselho de Segurança com poder de veto, além da Algéria.

A resolução, proposta após mais de cinco meses de guerra, marcou a primeira vez que os Estados Unidos pediram um cessar-fogo imediato em Gaza no Conselho de Segurança, após terem vetado vários projectos de resolução apresentados por outros países.

Contudo, mesmo antes da votação, o embaixador russo junto à ONU, Vasily Nebenzya, já havia sinalizado que iria rejeitar a proposta de Washington, que acusa o Governo norte-americano de tentar agradar ao eleitorado com a "menção a um cessar-fogo em Gaza" e de tentar "garantir a impunidade de Israel".

O diplomata russo acusou ainda o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e a embaixadora norte-americana junto à ONU, Linda Thomas-Greenfield, de enganarem a comunidade internacional.

Quase seis meses se passaram, disse, Gaza foi praticamente varrida da Terra e, agora, a representante dos EUA, sem pestanejar, vem afirmar que Washington começou finalmente a reconhecer a necessidade de um cessar-fogo.

“Este lento processo de pensamento de Washington custou a vida de 32.000 palestinianos pacíficos”, criticou Nebenzya, recordando que os norte-americanos vetaram três outras resoluções que exigiam um cessar-fogo no enclave.

Concretamente, a Rússia opôs-se à linguagem usada na resolução, a qual classificaram de "extremamente politizada".

Ao contrário de outras resoluções, em que o Conselho de Segurança "exigia" uma determinada acção, o texto norte-americano "determinava" o "imperativo de um cessar-fogo imediato e sustentado" para proteger os civis uma linguagem que não agradou a várias delegações.

O embaixador russo avaliou que o termo "determina" não é suficiente "para salvar as vidas de civis palestinianos", frisando que o mandato do Conselho de Segurança da ONU está investido de um mecanismo único para exigir um cessar-fogo e, quando necessário, para obrigar ao seu cumprimento.

"Já afirmámos que não toleraremos mais resoluções inúteis que não contenham um apelo a um cessar-fogo que não nos leve a lado nenhum", declarou Nebenzya.

A Rússia e a China também consideraram que o projecto dos EUA contém "uma luz verde efectiva" para Israel montar uma operação militar em Rafah.

A Guiana, único país a abster-se, justificou o seu voto com o facto de a resolução norte-americana não exigir um cessar-fogo imediato, mas apenas "determinar o imperativo" do mesmo.

Após o voto, Linda Thomas-Greenfield criticou a China e Rússia pelo veto, em mais uma troca de acusações entre as três potências.

O Conselho de Segurança tem sido alvo de críticas crescentes por ainda não ter adoptado uma resolução e apelou a um cessar-fogo no enclave, à medida que cresce também a contestação contra os Estados Unidos por continuar a apoiar Telavive, especialmente tendo em conta a situação dramática que Gaza enfrenta, com mais de 32 mil pessoas mortas e a restante população faminta.

Os EUA, que forneceram a Israel apoio político e militar durante a guerra, inclusive através da venda de armas, vinham-se opondo nos últimos meses a quaisquer exigências de cessar-fogo e têm sido avessos a este termo nas resoluções do Conselho de Segurança e nas suas mensagens públicas. DSC/AM





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