Moscovo - A Rússia colocou o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) na lista de agentes estrangeiros, minando a sua credibilidade, juntamente com um opositor e crítico do Kremlin, um reconhecido economista e uma bloguista, entre outros.
A lei russa determina que indivíduos e organizações com financiamento estrangeiro e envolvidos em "actividades políticas", vagamente definidas, sejam identificados com o rótulo de "agentes estrangeiros", uma conotação pejorativa na Rússia que é usada pelas autoridades para desacreditar os listados e reprimir a dissidência.
O WWF, agora também na lista, é uma organização não-governamental internacional, com sede em Washington, que trabalha na área de preservação da natureza e redução do impacto humano no meio ambiente, tendo projectos em todo o mundo, incluindo na Rússia.
Explicando a decisão de Moscovo, o Ministério da Justiça russo disse que a WWF, "sob o pretexto de proteger a natureza e o meio ambiente, tentou influenciar as decisões do poder executivo e legislativo" e "impediu a implementação de projectos industriais e de infra-estrutura".
Por sua vez, representantes do WWF disseram ao 'site' de notícias russo Meduza que a decisão de designar a organização como agente estrangeiro era infundada, e anunciaram contestar em tribunal, explicando que a organização continuaria a "proteger espécies raras de animais e preservar a natureza da Rússia".
O ministério russo também acrescentou à lista de 'agentes estrangeiros' o economista russo Sergei Guriev, professor no Instituto de Estudos Políticos de Paris, acusando-o de "falar negativamente sobre os militares das Forças Armadas Russas" e "espalhar, através da imprensa estrangeira, informações falsas sobre as decisões que os órgãos estatais da Rússia tomam e as políticas que implementam".
À lista foram ainda adicionados indivíduos como Gennady Gudkov, um ex-deputado que se tornou figura da oposição por se opor publicamente ao que o Kremlin chama de "uma operação militar especial" na Ucrânia.
Também consta da lista, a blogueira feminista Nika Vodvud, porque "falou abertamente em apoio à Ucrânia", "desacreditou a noção de servir à pátria" e "formou uma atitude negativa em relação ao serviço militar".
Outra adição à lista do Kremlin foi o Free Buryatia Foundation, um grupo de defesa da região siberiana russa da Buriácia, que condenou a campanha militar da Rússia na Ucrânia e ajudou soldados que se recusaram a continuar a lutar na Ucrânia a voltar para casa, acusada agora pelo Ministério da Justiça de pedir "acções cujos resultados possam violar a integridade territorial da Rússia".