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Retórica anti-media de Donald Trump prejudica trabalho de jornalistas

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  • Luanda • Terça, 22 Outubro de 2024 | 09h19
Donald Trump
Donald Trump
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Washington - A retórica anti-imprensa do candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, está a prejudicar diariamente jornalistas que cobrem a campanha eleitoral, e ameaças vem através de obstrução e até tentativas de ataques por parte dos seus apoiantes, segundo Reuters.

Na semana passada, em evento de campanha de J.D. Vance,  o companheiro de corrida eleitoral de Trump na cidade de Reading, no estado da Pensilvânia, a agência Lusa foi recebida com hostilidade ao tentar falar com vários apoiantes sobre as expectativas para o sufrágio de 05 de Novembro.

"É jornalista, não fales com ela", "não falo com jornalistas" ou "é tudo mentira o que a imprensa escreve". 

Dois dias mais tarde, no insólito comício de campanha na Pensilvânia em que Trump passou cerca de 45 minutos em palco apenas a ouvir música, o ex-presidente voltou a atacar os órgãos de comunicação, especialmente a rede CNN International, levando os seus apoiantes a direccionarem-se para o local da imprensa e a vaiar e fazer gestos obscenos contra os jornalistas.

"Os 'mainstream media' são responsáveis por esconder as verdades do país e distorcer a imagem de Donald Trump", disse à Lusa nesse mesmo evento um apoiante do magnata republicano.

O ex-presidente demoniza com frequência os jornalistas e encoraja os seus apoiantes a troçarem dos repórteres que cobrem os seus eventos de campanha, minando a confiança do público na imprensa.

Em Agosto, num comício igualmente na Pensilvânia, Trump classificou os jornalistas como "inimigos do povo". Menos de 10 minutos depois, um homem presente no evento tentou invadir a secção da imprensa, tendo sido travado pela polícia.

Em Julho, momentos após Trump ser alvo de uma tentativa de assassínio durante um comício, os apoiantes do candidato rapidamente responsabilizaram a imprensa pelo ocorrido.

Sophia Cai, repórter do portal Axios que estava no local, relatou ter ouvido apoiantes de Trump gritar: "Notícias falsas! A culpa é vossa!(...) Vocês são os próximos! A vossa hora está a chegar". Também ali se registou uma tentativa de invadir a área da imprensa.

Os ataques contínuos de Trump à imprensa e à liberdade jornalística em plena campanha são uma continuação de uma retórica incendiária que se registou até mesmo durante os anos em que foi Presidente.

Desde que anunciou a sua primeira candidatura presidencial, em 2015, até deixar a Presidência, no início de 2021, Trump publicou comentários negativos sobre a imprensa mais de 2.490 vezes no antigo Twitter, de acordo com a base de dados US Press Freedom Tracker.

Nos quatro anos em que liderou o país, Trump pediu boicotes a organizações de notícias, tentou negar credenciais de imprensa a repórteres e meios cujos artigos não eram do seu agrado, entre outras tentativas de obstrução à liberdade de imprensa.

De acordo com a organização não-governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras (RSF), "a carreira política do ex-presidente Donald Trump foi em parte definida pela sua propensão a espalhar falsidades".

Tendo feito, ao longo de seu primeiro mandato, "mais de 30 mil declarações falsas ou enganosas, um volume de imprecisão sem igual na história americana", incluindo a negação consistente dos resultados eleitorais de 2020.

Numa demonstração de como a desinformação pode levar à violência, a RSF destacou o ataque ao Capitólio de 06 de Janeiro de 2021, que resultou em várias mortes, após Trump ter repetido as falsas alegações de que a eleição lhe tinha sido roubada e instando os seus apoiantes a agir.

Durante o motim, os apoiantes do magnata destruíram equipamentos jornalísticos e ameaçaram os profissionais de comunicação com mensagens como "Assassinem a media!".

Segundo estudos recentes, o nível de desconfiança em torno da imprensa não tem precedentes nos Estados Unidos.

"Há um padrão preocupante de assédio, intimidação e agressão a jornalistas no terreno", frisou a RSF

No mês passado, um canal de notícias 'online' voltado para a comunidade haitiana-americana, o The Haitian Times, recebeu ameaças anónimas e a sua editora, Macollvie Neel, viu a polícia a entrar em sua casa após um falso relato de um crime na sua residência.

Esse episódio foi apenas um exemplo de uma série de ameaças e ataques que Neel e os seus colegas enfrentaram desde que Trump e Vance amplificaram teorias de conspiração sobre imigrantes haitianos no estado do Ohio, mesmo após as autoridades terem negado a veracidade das mesmas.

Após as falsas alegações terem sido desmascaradas, JD Vance admitiu estar disposto a "criar histórias para que os media realmente prestem atenção".

No ano passado, Donald Trump anunciou que investigará veículos de comunicação como a NBC News e MSNBC se for reeleito para a Casa Branca.

"Eu digo, aberta e orgulhosamente, que quando eu ganhar a Presidência, eles e outros dos 'LameStream Media' ('Media de Massas Mancos') serão minuciosamente examinados pela sua cobertura conscientemente desonesta e corrupta de pessoas, coisas e eventos", escreveu Trump na Truth Social, a sua rede social.

A organização sem fins lucrativos Committee to Protect Journalists (CPJ), que promove a liberdade de imprensa em todo o mundo, frisou que a retórica de Trump durante a campanha eleitoral de 2024 tem resultado num ambiente de segurança cada vez mais precário para os repórteres, que enfrentam um risco maior de violência, detenção, assédio 'online e offline' e batalhas legais.

"Politizar e denegrir jornalistas, em vez de respeitar o seu papel de 'vigilância' como 'Quarto Poder', tem um impacto profundo nas instituições democráticas e restringe a capacidade do público de se manter informado através de fontes credíveis.

O resultado da eleição de Novembro determinará, em grande medida, a saúde do ambiente dos media globalmente nas próximas décadas", avaliou a CPJ. GAR



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