Luanda – O acordo histórico alcançado pela ONU sobre o estabelecimento de áreas marinhas protegidas em águas internacionais e a adopção pela União Europeia da Lei Europeia para a Liberdade dos Media, dominaram o noticiário internacional divulgado pela ANGOP nos últimos sete dias.
O texto, finalizado após um longo processo de negociações, foi formalmente aprovado em Nova Iorque (EUA) após ser revisto e traduzido para os seis idiomas oficiais das Nações Unidas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, que elogiou a adopção do acordo, classificou-o como uma demonstração da força do multilateralismo.
A adopção ocorreu por consenso, sem necessidade de votação, e foi aplaudida de pé pelos representantes dos Governos, que comemoraram a conclusão do longo processo.
O acordo, que entrará em vigor apenas quando pelo menos 60 países o assinarem e ratificarem, estará aberto para assinatura na sede das Nações Unidas, a partir de 20 de Setembro.
Entre outras coisas, o novo tratado lança as bases para o estabelecimento de áreas marinhas protegidas, o que deve facilitar o cumprimento da promessa internacional de salvaguardar pelo menos 30 por cento dos oceanos até ao ano de 2030.
Sobre a Lei Europeia para a Liberdade dos Media, a Comissão Europeia adoptou um conjunto de regras que tem como propósito assegurar o pluralismo e independência dos jornalistas nos 27 Estados-membros da União Europeia (UE).
A legislação proposta inclui salvaguardas contra a interferência política em decisões editoriais e a vigilância de jornalistas.
Com a Lei Europeia para a Liberdade dos Media, a Comissão tem esperança de conseguir resolver o problema da concentração dos órgãos de comunicação social e criar a Plataforma Europeia de Serviços de Media, composta pelas autoridades de cada Estado-membro responsáveis pelos órgãos de comunicação social.
Ainda ao longo dos últimos sete dias, os governos da Alemanha e da China assinaram, em Berlim, um acordo de cooperação para estabelecer um mecanismo de diálogo nas áreas das alterações climáticas e da transição verde.
No documento, Berlim e Beijing reafirmaram o compromisso com o Acordo de Paris e com o objectivo de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus Célsius. Tal objectivo deve ter por base os "princípios da equidade, das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e das respectivas capacidades".
As duas partes reiteraram a intenção de alcançar a neutralidade de emissões até 2045, no caso da Alemanha, e de avançar para esse objectivo até 2060, no caso da China.
Igualmente na semana que hoje finda, os EUA e a China prometeram estabilizar as suas relações diplomáticas, segundo disse o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, após uma reunião em Beijing com o Presidente chinês, Xi Jinping.
A visita de Antony Blinken a Pequim surge na sequência de uma conversa, em Novembro passado, entre o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, à margem de uma cimeira do G20 na Indonésia.
Mereceu também destaque na semana de 18 a 24, o alerta feito pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) sobre a propagação dos mosquitos responsáveis pela disseminação da dengue, febre amarela e zika pela Europa.
O ECDC apercebeu-se da disseminação, pelo norte e oeste da Europa, do mosquito tigre asiático, que é portador dos vírus da dengue e da chikungunya.
Durante o último ano, a espécie responsável pela transmissão da febre amarela, zika, chikungunya e o vírus do Nilo Ocidental estabeleceu-se no Chipre "e poderá espalhar-se para outros países europeus", acautelou a instituição.
Em 2022, 1.133 pessoas adoeceram (92 morreram) com infecções do vírus do Nilo Ocidental na Europa. Deste total, 1.112 contraíram a infecção em 11 países europeus. O número é o mais elevado desde 2018.
As infecções ocorreram em Itália (723), Grécia (286), Roménia (47), Alemanha (16), Hungria (14), Croácia (oito), Áustria (seis), França (seis), Espanha (quatro), Eslováquia e Bulgária (um cada).
No que diz respeito à propagação da dengue, houve 71 pessoas que contraíram a doença em 2022 através de contágio local, o que equivale ao número total de europeus infectados com este vírus entre 2010 e 2021, alertou a ECDC. As infecções foram registadas em França (65) e em Espanha (seis).
No Brasil, a notícia sobre o pedido de desculpa do ex-presidente Jair Bolsonaro ao povo por ter afirmado, de forma errada, que as vacinas com mensageiro RNA (mRNA) contra a covid-19 continham grafeno, indicando que se acumula "nos testículos e ovários" mereceu também destaque nos últimos sete dias.
"Como é do conhecimento geral, estou entusiasmado com o potencial de trabalho do óxido de grafeno e, inadvertidamente, associei a substância à vacina, facto que foi desmentido em Agosto de 2021. Mais uma vez arrependo-me do que disse e peço desculpas", disse o ex-presidente no Twitter, citado pela agência espanhola de notícias EFE.
Na intervenção, Bolsonaro disse, segundo o portal UOL Notícias, que a bula das vacinas desenvolvidas com tecnologia mRNA tinha uma referência a grafeno: "A vacina tem dióxido de grafeno, tá? Onde ele se acumula? Nos testículos e ovários", afirmou, exclamando: "Eu li a bula".
O Brasil é um dos países mais atingidos pelo coronavírus, com 703.399 mortos e quase 40 milhões de casos até à data, segundo dados oficiais.
O pedido de desculpas de Bolsonaro aconteceu nas vésperas do início de um julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político através da disseminação de notícias falsas sobre as eleições, o que poderia, em última análise, desqualificá-lo de concorrer às próximas presidenciais. JM