Moscovo - O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou hoje esperar que o seu homólogo eleito nos Estados Unidos, Joe Biden, resolva os problemas mais urgentes dos dois países, mas negou qualquer interferência de líderes russos na vida política norte-americana.
"Esperamos que o recém-eleito Presidente dos Estados Unidos entenda o que está a acontecer. É um homem experiente tanto na política nacional como na internacional e confiamos que todos os problemas - se não todos, pelo menos parte - sejam resolvidos com a nova Administração", disse Putin, na sua conferência de imprensa anual.
Ao contrário da maioria dos líderes mundiais, Putin só felicitou Biden depois de, na terça-feira, o colégio eleitoral norte-americano ter confirmado o democrata como Presidente eleito.
O líder russo reafirmou que as acusações sobre ajudas russas ao Presidente cessante, Donald Trump nas presidenciais de 2016, são "invenções" que visaram "estragar as relações" entre Moscovo e Washington e "não reconhecer" a legitimidade de Trump como Presidente dos Estados Unidos dos últimos quatro anos.
Putin lamentou ainda que as relações entre a Rússia e os EUA "sejam reféns" de lutas internas entre os dois principais partidos políticos dos EUA e apelou ao futuro governo norte-americano para cimentar as suas relações internacionais no princípio do "respeito mútuo".
Putin sublinhou ainda que na sua opinião o Presidente cessante dos EUA não pretende deixar a política e ressaltou que Donald Trump tem "uma grande base de apoio dentro dos Estados Unidos".
Por outro lado, admitiu esperar que haja tentativas de ingerência estrangeira nas eleições legislativas russas do próximo ano.
"É claro que vão tentar interferir. Tentam sempre. E não só nas nossas eleições, é uma prática global... em todo o mundo. Sabemos disso e preparamo-nos para isso", garantiu.
Putin assegurou que a Rússia é capaz de "contrariar" essas tentativas de ingerência, desde que a "vasta maioria" dos russos entenda que são tentativas de interferir nos assuntos internos do país e apoie as medidas de resposta do Estado russo.
A oposição extraparlamentar - liderada por Alexei Navalny, convalescente na Alemanha de um envenenamento com uma substância tóxica - denunciou, nas últimas semanas, que a Duma aprovou várias leis para limitar a sua participação nas eleições legislativas.