O Prêmio Rafto dos Direitos Humanos foi atribuído hoje quinta-feira ao chadiano Nodjigoto Charbonnel e à sua Associação Juventude para a Paz e Não-Violência (AJPNV) pela "corajosa luta pela abolição da tortura" no Chade e noutros locais, noticiou a Lusa.
Num país que conheceu numerosos conflitos armados no seu território desde a sua independência da França em 1960, a AJPNV, fundada em 2000, fornece apoio médico, psicológico e jurídico gratuito às vítimas de tortura e violência sexual.
Em 2021, o centro tratou 575 sobreviventes de tortura, de acordo com a fundação.
O seu empenho na causa levou-o a ser preso três vezes e ele e a sua família "foram molestados por agentes do Estado", de acordo com a fundação, que refere que "no Chade, a tortura é institucionalizada e utilizada como um meio político normalizado, e a rebelião é uma das poucas vias para a mobilidade social".
Desde que Mahamat Idriss Déby Itno, autoproclamado chefe de Estado após a morte do seu pai, em abril de 2021, tomou o poder, "o trabalho das associações de direitos humanos, como a AJPNV, tornou-se ainda mais arriscado. A situação dos direitos humanos deteriorou-se", disse a fundação norueguesa.
Este último "exorta o Estado chadiano a respeitar o Estado constitucional, a ratificar o protocolo contra a tortura, a levar à justiça os responsáveis por actos de tortura (...) e a assumir a responsabilidade de apoiar os sobreviventes da tortura".
O Prémio Rafto, no valor de 20.000 dólares (o mesmo montante de euros), deverá ser formalmente atribuído em 13 de Novembro em Bergen, no oeste da Noruega.
Com o nome do historiador norueguês e activista dos direitos humanos Thorolf Rafto, o prémio tem quatro anteriores vencedores -- Aung San Suu Kyi (Myanmar), José Ramos-Horta (Timor-Leste), Kim Dae-Jung (Coreia do Sul) e Shirin Ebadi (Irão) - que ganharam o Prémio Nobel da Paz, também atribuído na Noruega.