Bruxelas - O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo apelou esta quarta-feira à calma na sequência de vários incidentes violentos entre elementos das comunidades turca e curda no país, nomeadamente em Bruxelas, por causa das eleições autárquicas previstas para domingo na Turquia.
O governante numa conferência de imprensa após uma reunião do Conselho Nacional de Segurança, na capital belga, disse que é preciso parar com a violência, provocações e com as manifestações de apoio a organizações que estão classificadas como “terroristas”.
Alexander De Croo referia-se ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que tanto a União Europeia (UE) como a Turquia consideram uma organização terrorista.
Com eleições autárquicas previstas para domingo na Turquia, o governante belga considerou que ainda há "momentos-chave nos próximos dias" para avaliar e que os serviços de segurança vão continuar a acompanhar a situação, que na opinião de Alexander De Croo colocou em causa "décadas de convivência pacífica" na Bélgica.
Na segunda-feira, uma manifestação de activistas pró-curdos que agitavam bandeiras do PKK degenerou em confrontos perto do apelidado bairro europeu de Bruxelas, perto das instituições europeias.
De acordo com o 'site' POLITICO, cerca de 200 pessoas concentraram-se na Praça do Luxemburgo, em frente ao edifício do Parlamento Europeu, e o protesto degenerou em incidentes e a polícia belga acabou por dispersar os manifestantes, que bloqueavam o trânsito, com canhões de água.
Vários manifestantes gritavam frases de ordem como "Erdogan assassino", em referência ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Os manifestantes concentraram-se para contestar um ataque contra uma família síria na província belga de Limburgo, no domingo, por ultranacionalistas turcos.
O conselho das comunidades curdas na Bélgica denunciou o "brutal ataque" e atribuiu-o a elementos dos Lobos Cinzentos, uma organização ultranacionalista turca.
De acordo com a agência francesa AFP, o Ministério Público nas províncias de Limburgo e Liège está a investigar a violência contra a família síria e outros episódios semelhantes.
O PKK esteve no centro da disputa entre a Turquia e a Suécia por causa da adesão à Aliança Atlântica.
Ancara colocou como condição para ratificar os acordos de adesão que Estocolmo deixasse de dar asilo a militantes da organização curda, que a Suécia recusou.
O PKK levou a cabo uma insurgência de mais de três décadas contra a Turquia, que deixou dezenas de milhares de mortos. É também designada uma organização terrorista pelos Estados Unidos. MOY/AM