Olaf Scholz inicia visita a China debaixo de fortes críticas

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  • Luanda • Sexta, 04 Novembro de 2022 | 09h11
Chanceler Alemão, Olaf Scholz
Chanceler Alemão, Olaf Scholz
Divulgação

Beijing - Olaf Scholz iniciou hoje em Pequim a sua primeira visita à China como chanceler alemão, contrariando as críticas de activistas, analistas e membros da própria coligação que forma o governo.

O líder do executivo alemão é o primeiro representante de uma democracia liberal a quem é concedida uma visita de Estado à China, desde o surto da pandemia de Covid-19 em Wuhan, em 2019.

Scholz será também o primeiro grande líder político a encontrar-se com Xi Jinping, desde que o Presidente chinês consolidou o poder no Congresso do Partido Comunista.

A China tornou-se o maior parceiro comercial da Alemanha em 2016, com o aumento das exportações principalmente de maquinaria e automóveis.

Um estudo recente efectuado pelo centro de investigação Ifo mostra que quase metade das empresas industriais alemãs dependem das vendas para a China.

Com a guerra na Ucrânia, a Alemanha despertou para o risco de ter uma economia que depende demasiado de matérias-primas fornecidas por um estado, com o exemplo do gás russo. Há a preocupação interna de que erro se repita.

Há também a preocupação no Ocidente, particularmente dos Estados Unidos, principal aliado de segurança da Alemanha, sobre as práticas comerciais praticadas pela China e pelo seu histórico de direitos humanos e ambições territoriais.

Num editorial publicado pelo jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, na quarta-feira, Scholz justificou a viagem sublinhando que a China "é, e continuará a ser, um parceiro importante", realçando que "se a China mudar, a forma como tratamos o país também deve mudar".

O chanceler alemão enumerou as "questões difíceis" que pretende abordar, como "o respeito das liberdades cívicas e políticas, bem como os direitos das minorias étnicas", numa referência aos uigures, minoria muçulmana da região autónoma de Xinjiang.

Também referiu "a situação tensa em torno de Taiwan". "Tal como os Estados Unidos e muitos outros Estados, seguimos a política de uma só China", lembrou.

"Mas isto implica que uma mudança no “status quo” só pode ser feita de forma pacífica e por acordo mútuo", recordou o chanceler.

Em relação à guerra na Ucrânia, Scholz insistiu na "responsabilidade especial da China como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU" e que Pequim deve "falar claramente com Moscovo sobre o respeito da Carta das Nações Unidas e dos seus princípios".

Angela Merkel, antecessora de Olaf Scholz, visitou a China 12 vezes nos seus 16 anos no poder, cimentou a cooperação económica entre os dois países.

Já a coligação que forma o actual governo, com o Partido Social Democrata (SPD), os liberais do FDP e os Verdes, comprometeu-se a reduzir a dependência económica e fortalecer as relações com os estados democráticos da Ásia.

Já na semana passada, Scholz conseguiu um acordo que permite que a estatal chinesa Cosco compre uma participação de 24,9% em três terminais no maior porto da Alemanha, em Hamburgo.

A decisão levantou várias críticas. O secretário-geral do FDP, Bijan Djir-Sarai, qualificou a decisão de "ingénua", criticando o momento da viagem de Scholz à China, acreditando ser "profundamente infeliz".

Também o líder dos democratas-cristãos da CDU, Friedrich Merz, disse ao jornal "Augsburger Allgemeine" que Scholz "não podia ter escolhido um momento pior" para realizar esta viagem.

"A guerra contra a Ucrânia e o lado unilateral da China a favor da Rússia tornam ainda mais urgente a revisão da nossa relação", acrescentou.

Scholz, cuja comitiva integra os responsáveis da Volkswagen e da BASF, entre outros, lamentou também a falta de reciprocidade nas relações económicas entre a Alemanha e a China.

"Estamos longe, demasiado longe disso, no que diz respeito ao acesso ao mercado das empresas, licenças, protecção da propriedade intelectual".

O líder alemão também apelou a Pequim para que fizesse um esforço relativamente à sua política ambiental: "Sem uma acção resoluta para reduzir as emissões na China, não podemos vencer a batalha contra as alterações climáticas".



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