Lima - O recém-empossado presidente do Peru, Francisco Sagasti, nomeou na quarta-feira os ministros do seu gabinete, que será chefiado por uma advogada feminista e que inclui dois ex-colaboradores do deposto Martín Vizcarra e a primeira mulher titular da Defesa.
A nova chefe de gabinete é a advogada Violeta Bermúdez, de 59 anos, especialista em temas constitucionais e de género. Há oito mulheres no novo gabinete, algumas delas feministas conhecidas num país de tradição "machista".
Sagasti assumiu o poder na terça-feira, com o desafio de pôr fim à pior crise política em duas décadas no país andino, marcada pela passagem de três presidentes no período de oito dias.
Foi nomeado para o ministério de Economia e Finanças Waldo Mendoza, economista de esquerda que foi vice-ministro das Finanças do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006) e zeloso da prudência fiscal.
Para chefiar a diplomacia foi nomeada Esther Astete, que era embaixadora no México, enquanto o ministério do Interior será comandado por Rubén Vargas, que havia sido vice-ministro de Segurança do governo de Ollanta Humala (2011-2016) e ex-chefe antidrogas de Vizcarra (2018-2020).
Na pasta da Saúde foi mantida Pilar Mazzetti, médica especialista em saúde pública, que ocupava o mesmo cargo até nove dias atrás no Governo de Vizcarra, razão pela qual há meses é a encarregada dos esforços para conter a pandemia de covid-19, que contagiou mais de 930 mil peruanos e matou 35 mil.
Para comandar a Cultura foi escolhido Alejandro Neyra, advogado, escritor e diplomata, que também chefiava a pasta no Governo Vizcarra e que antes ocupou o mesmo cargo no Governo de Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018).
Para a Defesa foi nomeada pela primeira vez uma mulher no Peru: Nuria Esparch, uma advogada que foi vice-ministra da pasta no segundo mandato de Alan García (2006-2011).
Entre 2014 e 2018, foi gerente de relações institucionais da empreiteira Graña y Montero, envolvida no escândalo de corrupção da brasileira Odebrecht.
A chefe de gabinete e os ministros deverão se apresentar no Congresso para receber um voto de confiança para dar início formalmente às suas funções.
Violeta Bermúdez foi, em meados da década de 1980, a advogada da então primeira-dama Susana Higuchi, quando denunciou um sequestro e torturas do seu esposo, o presidente Alberto Fujimori (1990-2000).
Seguindo a tradição peruana, vários ministros prestaram juramento aos seus cargos "por Deus e estes Santos Evangelhos", ajoelhados em frente a um crucifixo e uma bíblia, embora alguns o tenham feito pela "Pátria e a Constituição".
A diferença foi marcada pela ministra da Habitação, Solangel Fernández, que jurou "por Deus, pela Pátria e pelos irmãos que defenderam a democracia" nas manifestações contra Manuel Merino, que conduziram à sua renúncia cinco dias depois de ter assumido o poder, após a deposição de Vizcarra.
Dezoito ministros compõem o Executivo peruano, além da chefe de gabinete. Ainda não foi nomeado o novo titular de Minas e Energia, um cargo importante num país rico em minérios como o Peru.