Bucareste - O ministro da Defesa da Roménia, Vasile Dincu, apresentou esta segunda-feira a sua demissão alegando incompatibilidades com o Presidente do país, que desautorizou o seu pedido à OTAN para que negociasse com a Rússia sobre a guerra na Ucrânia.
"A motivação do meu gesto acontece na perspectiva da impossibilidade de colaborar com o Presidente da Roménia (Klaus Iohannis), comandante supremo do Exército", declarou Vasile Dincu na rede social Facebook.
Dincu afirmou que se demitiu para "não prejudicar de forma alguma os processos de decisão e os programas" que dependem do Ministério.
Numa entrevista transmitida em 08 de Outubro, o ministro romeno declarou que "a única opção para a paz é a negociação com a Rússia" e propôs que a OTAN e os Estados Unidos discutissem com Moscovo garantias de segurança para a Ucrânia em troca da paz.
"A Ucrânia não poderá negociar sozinha com a Rússia, porque a classe política da Ucrânia neste momento não pode se dar ao luxo de assumir a perda de território", disse Dincu, que pertence ao Partido Social Democrata (PSD).
O PSD governa a Roménia numa grande coligação que também inclui o outro grande partido romeno: o Partido Nacional Liberal (PNL), liderado pelo primeiro-ministro romeno, Nicolae Ciuca, aliado do Presidente Iohannis.
Três dias depois de Dincu fazer essas declarações, o Presidente Iohannis desautorizou explicitamente o então ministro da Defesa e lembrou que a posição tanto da Roménia quanto da União Europeia (UE) é que a decisão de "como e quem negoceia" a paz cabe apenas à Ucrânia.
A ofensiva militar lançada em 24 de Fevereiro causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.