Budapeste - Milhares de pessoas concentraram-se no centro de Budapeste para protestar contra os planos do Governo de autorizar a abertura de uma sucursal de uma universidade estatal chinesa na capital húngara, relataram as agências internacionais.
Caso o projecto apoiado pelo executivo da Hungria, liderado pelo primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orbán, avançar, a cidade de Budapeste irá receber a primeira unidade europeia da prestigiante Universidade Fudan, que tem sede em Xangai.
O projecto está avaliado em 1.490 milhões de euros.
O terreno destinado à construção da universidade chinesa fica numa zona onde a autarquia de Budapeste, liderada por Gergely Karacsony (um reconhecido opositor de Orbán), pretende criar alojamentos baratos para estudantes universitários, bem como espaços culturais e de lazer.
"Pela cidade universitária e contra o Fidesz [partido de Viktor Orbán]" foi o lema da convocatória para a manifestação de hoje, organizada por activistas e políticos de forças partidárias de esquerda.
Para cumprir as restrições ainda em vigor por causa da pandemia de covid-19, a organização do protesto dispôs as pessoas em pequenas manifestações ao longo da Avenida Andrássy, no centro de Budapeste, que no máximo tinham 500 pessoas cada uma, segundo as agências internacionais.
"Chegámos a um ponto em que o Fidesz está a vender a habitação e o futuro dos estudantes universitários húngaros para trazer a universidade de elite da ditadura chinesa para o país", defenderam Gergely Karacsony e András Jámbor, outro político da esquerda húngara.
Na quinta-feira passada, e em sinal de protesto, a câmara de Budapeste decidiu mudar a toponímia de algumas ruas nas imediações do local onde está prevista ficar a universidade chinesa e colocar nomes relacionados com assuntos que são particularmente sensíveis para Pequim.
Por exemplo, "Mártires uigures" (minoria muçulmana que tem sido alvo de perseguição na região chinesa de Xinjiang, segundo a comunidade internacional), "Dalai Lama" ou "Hong Kong Livre".
A universidade será construída através de um empréstimo de Pequim e as obras serão realizadas maioritariamente por empresas e mão-de-obra chinesas.
Segundo uma recente sondagem, 66% da população húngara rejeita o projeto, enquanto 27% declara apoiar os planos do Governo de Orbán.
O executivo da Hungria, país-membro da União Europeia (UE), tem tido várias fricções com o bloco comunitário nos últimos anos, por causa da sua postura autoritária, mas também pela sua política de "abertura" em relação à China e à Rússia.