Damasco – O líder dos rebeldes sírios, Abu Mohammed al-Jolani, discursou hoje na famosa mesquita dos Omíadas em Damasco, depois de a capital ter sido declarada livre das forças de Bashar al-Assad, noticia a agência France Presse.
Ao entrar na icónica mesquita da Cidade Velha de Damasco, o líder do grupo radical islâmico HTS foi saudado por uma multidão que gritava "Allah Akbar" (Alá é grande), segundo vídeos que circulam na imprensa.
Na mesquita, Al-Jolani garantiu que derrubar Bashar al-Assad traduz "uma nova história para toda a uma (nação) islâmica e para toda a região.
"Al Assad transformou a Síria num terreno para as ambições iranianas e espalhou o sectarismo e a corrupção", segundo o líder rebelde, num breve discurso dentro da mesquita, onde afirmou ainda que a "Síria foi limpa, graças a Deus e aos mujahideen (combatentes)".
O discurso foi sendo interrompido pela plateia com aclamações de "Alá é grande, Alá é grande".
Al-Jolani chegou hoje a Damasco, onde se prostrou num relvado, antes de se dirigir à histórica mesquita.
"O líder Ahmed al-Chareh (nome verdadeiro Jolani) prostrou-se e beijou o chão" à chegada a Damasco, anunciou o canal Telegram da coligação rebelde, no qual se viam as imagens do líder deitado no relvado.
A Grande Mesquita dos Omíadas foi construída entre 705 e 715 e é um dos templos muçulmanos mais famosos, juntamente com as mesquitas de Meca e Medina, na Arábia Saudita, e Al Aqsa, em Jerusalém (Israel).
A tomada da capital ocorreu após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras facções apoiadas pela Turquia, para derrotar o governo sírio.
O Presidente sírio, Bashar al-Assad, que estava no poder há 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), desconhecendo-se, para já, o seu paradeiro.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou em comunicado que Al Assad deixou o país após manter negociações com vários participantes do conflito armado, mas sem revelar o seu paradeiro.
Rússia, China e Irão manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.
(Notícia actualizada às 16h36) JM