Lima - Mais de 100 turistas feitos reféns por indígenas da região amazónica do Peru, num acto de protesto por falta de ajuda do Governo peruano após um derrame de petróleo, foram libertados na sexta-feira, disseram as autoridades locais.
A bordo de uma embarcação, as pessoas foram sequestradas na quinta-feira por membros da comunidade de Cuninico para pressionar as autoridades peruanas a intervir após o derramamento de 2.500 toneladas de petróleo bruto em 16 de Setembro num rio.
Mulheres e crianças estavam entre os turistas raptados, 27 dos quais eram dos Estados Unidos, Espanha, França, Reino Unido e Suíça. Os outros 80 eram peruanos.
O gabinete de direitos humanos peruano explicou que as negociações levaram os sequestradores a "aceitar o pedido de libertação".
"Estão a libertar-nos", disse a agência de notícias France-Presse (AFP) Angela Ramirez, uma peruana que fazia parte do grupo.
Angela Ramirez salientou que havia "muita ansiedade, muito cansado" entre os turistas que não sabiam qual seria o seu destino durante as 28 horas de cativeiro estavam gradualmente a começar a ficar sem água e comida.
"Eles [turistas] já estão a voltar para os lugares de origem", disse o ministro do Turismo, Roberto Sanchez, à imprensa em Lima.
Um funcionário indígena havia ressaltado que o sequestro foi decidido para que o Governo peruano enviasse uma delegação para observar os danos ambientais provocados pelo derrame de petróleo.
O incidente ocorreu num afluente do Marañón, um rio junto ao território da comunidade de Cuninico.
Grupos indígenas têm bloqueado a passagem de qualquer tipo de barco naquele rio desde quinta-feira para protestar contra o derrame de petróleo provocado por uma rotura do Oleoduto Norperuano (ONP) na região selvagem de Loreto.
Em 27 de Setembro, o Governo do Peru declarou estado de emergência por 90 dias na área afectada no território das comunidades de Cuninico e Urarinas, onde vivem cerca de 2.500 indígenas.
O ONP da empresa estatal Petroperú, um dos maiores oleodutos do Peru, foi construído há 40 anos para transportar petróleo da região amazónica até Piura, na costa, com uma extensão de cerca de 800 quilómetros.
A empresa atribuiu o derrame a um ataque, com "um rasgo intencional de 21 centímetros no oleoduto".
A Petroperú contou 10 ataques desde Janeiro de 2022 no oleoduto em Loreto, que provocaram derrames de petróleo.