Viena - Josef Fritzl, o austríaco que manteve a filha em cativeiro durante 24 anos numa cave subterrânea em Amstetten, na Áustria, vai ser transferido para uma prisão normal.
Antes de possivelmente ser libertado, em Março, avança a Reuters.
A decisão foi tomada hoje por um tribunal austríaco.
O homem, de 88 anos, estava numa prisão para reclusos "mentalmente anormais", desde a sua condenação, em 2009, por incesto, violação, escravatura, coação e homicídio, por negligência do seu filho recém-nascido.
O objectivo é que o homem que se diz mentalmente incapaz, seja entretanto acolhido num lar de idosos, onde deverá passar o resto dos seus dias.
Na semana passada, a advogada do homem, Astrid Wagner, disse ao jornal austríaco Kronen Zeitung que já estava a "tratar da obtenção de uma autorização de saída condicional".
"Se o pedido for aprovado, o que presumo que será o caso, gostaria de garantir que ele é colocado num lar para pessoas frágeis", disse, na altura.
Para a tomada de decisão, está em causa um relatório de uma especialista em psiquiatria forense da Universidade de Linz, que indicou que o recluso parece confuso nas entrevistas que cede.
Falando em visitas familiares que nunca aconteceram. Há ainda relatos de que terá sofrido várias quedas na prisão e que necessita de um andarilho.
Josef Fritzl foi condenado a prisão perpétua em 2009.
Antecedentes
Josef Fritzl, "o monstro de Amstetten" nascido a 9 de Abril de 1935, em Áustria, é um criminoso que abusava sexualmente da sua filha Elizabeth Fritzl desde que tinha 11 anos de idade, em 1977.
Em 24 de Agosto de 1984, ele a aprisionou no porão de sua casa, número 40 da rua Ybbsstrasse da cidade de Amstetten, norte da Áustria, onde a drogou e algemou, mantendo-a assim prisioneira, estuprando-a repetidamente, até Abril de 2008.
Das relações incestuosas nasceram sete filhos, um dos quais morreu logo após nascer, tendo Josef incinerado o seu corpo jogando-o no sistema de calefacção da casa.
Ao sequestrar a própria filha em 1984, explicou à polícia que ela havia sido levada por uma seita e, como evidência, fez com que Elizabeth escrevesse uma carta, dirigida aos pais, pedindo que parassem de procurá-la.
O pai autoritário proibiu a todos que visitassem o porão, alegando tratar-se do seu atelier.
Excepto quando viajava, levava quase todas as noites comida para a filha e para três dos seus filhos, enquanto para os outros três orquestrou um plano para revelar a sua existência e adoptá-los como avô.
Os três foram colocados, com poucos meses de vida, na porta de sua casa, junto a cartas escritas por Elisabeth.
Uma delas, de 1993, dizia: "O bebé tem nove meses, terá uma vida melhor com seu avô e avó que comigo".
O réu confesso, Josef declarou ainda: "Eu sabia que Elizabeth não queria que eu fizesse o que estava fazendo com ela.
Sabia que estava machucando-a. Aquilo era como um vício. Na verdade, eu desejava ter filhos com ela."
Em Maio de 2008, o jornal austríaco "Oberösterreichischen Nachrichten" ("OÖN") descobriu que Josef Fritzl já havia cometido vários crimes sexuais no ano de 1967.
Um documentário foi feito sobre o caso, Os segredos do porão austríaco, exibido no Brasil em 21 de Junho de 2008 pelo canal GNT.
O julgamento de Josef Fritzl teve início no dia 16 de Março de 2009.
Fritzl entrou no tribunal ladeado por seis polícias e segurando uma pasta em ambas as mãos para evitar que lhe fotografassem o rosto.
Ele inicialmente confessou ser culpado por estupro e incesto, mas negou a acusação de assassinato no caso da morte de um menino recém-nascido no cativeiro.
No dia seguinte, porém, ele decidiu declarar-se culpado depois de ver o depoimento de 11 horas de sua filha Elisabeth, gravado em vídeo e exibido numa sessão a portas fechadas.
No dia 19 de Março de 2009, Fritzl foi julgado culpado e condenado à prisão perpétua pelos crimes de incesto, estupro, cárcere privado e homicídio.
Fritzl reconheceu ter estuprado Elisabeth mais de três mil vezes
A filha de Fritzl e os seis filhos que ela teve com o pai, três dos quais encarcerados desde o nascimento, vivem agora num local secreto sob nova identidade.
A banda Rammstein criou uma canção especificamente para este caso, cujo nome é Wiener Blut.GAR