Viena - O director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou hoje que o Irão começou a operar centrifugadoras num local subterrâneo, mas afirmou que as capacidades gerais de enriquecimento de urânio do país não aumentaram, noticiou a Lusa.
Rafael Grossi, director-geral daquela agência de vigilância atómica das Nações Unidas, disse aos jornalistas em Viena que as 174 centrifugadoras foram transferidas para uma nova área da instalação nuclear de Natanz e começaram a operar recentemente.
O responsável acrescentou que a operação de centrifugadoras desse tipo viola o acordo nuclear que o Irão assinou com potências mundiais em 2015 — conhecido como Plano de Ação Conjunta Global ou JCPOA (sigla em inglês) -, mas não leva a uma maior produção de urânio enriquecido.
O Irão já ultrapassou em muito os limites do acordo sobre urânio enriquecido, apontou Grossi.
“Já está além dos limites do JCPOA, mas em termos gerais não há um aumento significativo nos volumes. Então é uma nuance”, afirmou.
De acordo com um documento confidencial distribuído aos países membros e visto pela Associated Press na semana passada, o Irão no dia 02 de Novembro tinha um ‘stock’ de 2,442.9 quilos de urânio pouco enriquecido, um aumento desde 25 de agosto quando o país tinha 2,105.4 quilos.
O acordo nuclear assinado pelos Estados Unidos, Alemanha, França, Grã-Bretanha, China e Rússia permite que o Irão mantenha um ‘stock’ de apenas 202,8 quilos.
O Irão continua também a enriquecer urânio com pureza de até 4,5%, superior aos 3,67% permitidos pelo acordo, disse a AIEA.
O Irão anunciou abertamente todas as suas violações do acordo nuclear com antecedência, depois da decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar os EUA do acordo.
O acordo prometia incentivos económicos ao Irão em troca de restrições ao seu programa nuclear.
Desde a retirada dos EUA e a imposição de novas sanções, Teerão tem pressionado os restantes partidos com a violação do acordo para que proponham novas formas de compensar as ações paralisantes de Washington.
Ao mesmo tempo, o Governo iraniano continuou a permitir que os agentes da AIEA tenham acesso às instalações nucleares — um dos principais motivos pelos quais os outros signatários do acordo dizem que o mesmo vale a pena preservar.
O acordo foi feito para impedir o Irão de construir uma arma nuclear, algo que o país insiste que não tem intenção de fazer.
Depois de uma explosão na central nuclear de Natanz em Julho, que o Irão apelidou de sabotagem, Teerão disse que iria construir uma nova estrutura mais segura nas montanhas ao redor da área.
Em entrevista à Associated Press no mês passado, Rafael Grossi confirmou que a construção estava em andamento no local, algo que voltou a corroborar hoje dizendo que no local “há movimento e construção”.