Teerão - Três homens foram executados no Irão depois de terem sido condenados à morte por "comportamentos violentos" durante os protestos anti-governamentais do ano passado, anunciaram hoje as autoridades iranianas.
O portal Mizan, que depende do sistema de Justiça de Teerão, anunciou as execuções de Majid Kazemi, Saleh Mirhashemi e de Saeed Yaghoubi, referindo que os três homens estiveram envolvidos na morte de um polícia e de dois membros do grupo paramilitar Basij, em Isfahan, durante manifestações no mês de Novembro de 2022.
Organizações de direitos humanos dizem que os três homens foram submetidos a actos de tortura e forçados a prestar declarações sob coacção perante as câmaras da televisão do Irão.
Os protestos contra o governo do Irão eclodiram em Setembro do ano passado após a morte de Mahsa Amini, 22 anos, que tinha sido detida pela polícia por violação aos códigos de indumentária impostos às mulheres e que são obrigatórios na República Islâmica desde 1979.
O número de manifestações tem vindo a diminuir nos últimos meses apesar de protestos esporádicos por parte de mulheres que recusam o uso do véu islâmico (hijab).
O Irão executou até ao momento sete pessoas alegadamente relacionadas com os protestos.
Os grupos de apoio aos direitos humanos denunciam que muitos outros cidadãos têm sido condenados em tribunais secretos e sem direito a qualquer tipo de defesa.
"A acusação dos três homens baseou-se em confissões forçadas", disse Hadi Ghaemi, responsável pelo Centro para os Direitos Humanos no Irão, uma organização não-governamental com sede nos Estados Unidos.
Hadi Ghaemi referiu ainda que Kazemi telefonou a um familiar tendo afirmado que as autoridades o torturam, batendo-lhe nos pés com um utensílio que descarregava choques eléctricos e ameaçando-o de agressão sexual.
A Amnistia Internacional, com sede em Londres também demonstrou sérias preocupações sobre este caso.
Mais de 500 pessoas foram mortas durante os meses de protestos, incluindo dezenas de membros das forças de segurança que efectuaram milhares de detenções, segundo os dados das organizações não-governamentais. CNB/GAR