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Guterres critica países do norte sobre refugiados e alterações climáticas

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  • Luanda • Sexta, 06 Janeiro de 2023 | 09h35
Secretário-geral da ONU, António Guterres (Arquivo)
Secretário-geral da ONU, António Guterres (Arquivo)
Cortesia de Kindala Manuel/Edições Novemnbro

Lisboa - O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, deixou duras críticas aos países europeus em matéria de acolhimento de refugiados e aos maiores países poluentes no combate às alterações climáticas, na capital portuguesa (Lisboa), apelando à não resignação, anunciou a agência Lusa.

Discursando por ocasião da recepção do Prémio Universidade de Lisboa, a que lhe foi atribuído em 2020, mas apenas agora entregue, Guterres elogiou Portugal como um país "exemplar na sua política de acolhimento aos refugiados".

"É verdade que a nossa localização periférica na Europa fez com que tivéssemos tido uma pressão de solicitantes de asilo menor do que outros países europeus. Mas é também verdade que outros países ainda mais periféricos do que nós, até recentemente em crises de refugiados, não tiveram a mesma generosidade e a mesma abertura", criticou

Esses países, no leste da Europa, redimiram-se na recente crise de refugiados decorrente da invasão russa da Ucrânia, mas o líder da ONU recordou que o mesmo não ocorreu num passado recente, "em que refugiados da Síria se movimentaram pelos Balcãs de forma caótica, vendo portas atrás de portas fechadas", disse.

Guterres saudou a abertura que foi ao longo dos últimos meses demonstrada em relação à crise na Ucrânia, mas, ao mesmo tempo, deixou um aviso: "Não pode deixar de nos fazer reflectir por que é que a Europa recebe os refugiados ucranianos e tantos países europeus foram tão reticentes em receber refugiados sírios e africanos".

Segundo o antigo primeiro-ministro português, esta situação causou e causa em muitos que vivem no chamado “sul global” uma certa frustração, mesmo uma certa zanga, que leva a que lhes seja difícil exprimir a solidariedade que os europeus esperam quando a Europa enfrenta uma crise devastadora.

Com a invasão russa da Ucrânia e todas as consequências que isso teve na nossa vida quotidiana, nos países europeus e de forma ainda mais dramática nos países do terceiro mundo, recordou.

António Guterres referiu, que além dos conflitos, há algo que não deixa de ser lembrado: "Estamos a perder a luta contra as alterações climáticas. A possibilidade de mantermos um crescimento da temperatura global limitado a 1,5 (graus célsius) está à beira de se perder e irreversivelmente.

Continua a haver, sobretudo ao nível dos países grandes emissores, uma falta de consciência política indispensável para inverter esta situação", lamentou.

Nessa linha, recordou também a necessidade de uma justiça climática, porque "a verdade é que os países que mais sofrem os impactos dramáticos das alterações climáticas não são os que mais contribuem para essas alterações e não são os países que têm mais recursos para responder às necessidades de reconstrução, reabilitação e apoio às populações".

Por isso, aponta "um enorme egoísmo dos países do norte em recusar-se a aceitar todas as responsabilidades, inclusivamente aquelas que assumiram no Acordo Paris, de solidariedade com os países do sul".

Falando perante o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo chefe de Estado Ramalho Eanes, vários membros do Governo, o reitor da Universidade de Lisboa, presidentes dos tribunais superiores, chefes militares e membros do corpo diplomático, Guterres descreveu que passou o Natal e o ano novo em família num país que está "entre os três mais seguros e pacíficos do mundo", mas o mesmo não aconteceu a muitos funcionários da ONU, a quem dedicou o prémio.

"Não puderam passar o Natal e o ano novo com as suas famílias e não o fizeram num país seguro, porque tiveram de continuar a trabalhar em alguns dos lugares mais remotos e perigosos em defesa das mais nobres causas que unem a humanidade".

Segundo o líder da ONU, "por causa de um paradoxo", hoje há operações de manutenção de paz "onde não há nenhuma paz para manter". Foram concebidas para na sequência de acordos de paz, consolidar esses mesmos acordos e as transições para a democracia, "mas a verdade é que a maioria dos capacetes azuis enfrentam situações em que pululam grupos armados, terroristas, alguns dos quais inclusivamente mais bem apetrechados e mais bem armados do que os soldados da paz".

Por fim, Guterres, na aceitação do prémio, no valor de 25 mil euros, que vai doar ao Conselho Português para os refugiados, deixou um apelo à não resignação.

"Se algum deste prémio representa para mim é a necessidade de manter uma total não resignação a uma situação em que a guerra continua a ser um fenómeno marcante nas relações entre os povos, e nas relações no interior dos países, disse.

No entanto, entre as comunidades, etnias e grupos religiosos. Não podemos aceitar que a guerra se transforme no normal na forma de relacionamento de seres humanos em tantas partes do mundo.

Prometeu, "lutar pela paz, lutar pelo fim ou redução das desigualdades, reafirmação dos direitos humanos e igualdade de género, e travar esta luta louca que temos vindo a ter com a natureza".



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