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EUA: ONGs avisam que proibir mulheres vai causar mortes

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  • Luanda • Quinta, 29 Dezembro de 2022 | 18h38

Nova Iorque - Quatro grandes agências humanitárias alertaram hoje que a proibição de as mulheres trabalharem em grupos não-governamentais no Afeganistão vai causar mortes, já que as funcionárias femininas são cruciais para a prestação de assistência no país.

As organizações - Save the Children, Care, World Vision e Conselho Norueguês para os Refugiados - anunciaram, numa conferência de imprensa conjunta, que iam suspender as suas operações no Afeganistão.

"Se não conseguirmos realizar as nossas operações, muitas crianças vão morrer. Centenas de milhares de pessoas vão morrer, a situação é muito grave", disse a directora executiva da Save the Children International, Inger Ashing.

"Se não formos capazes de estar lá para o povo afegão, vamos perdê-los. Eles vão morrer", acrescentou.

O alerta foi feito na sequência do anúncio avançado na semana passada pelo Ministério da Economia afegão a proibir as mulheres de continuarem a trabalhar em organizações não-governamentais nacionais ou internacionais, alegadamente porque não usam, no local de trabalho, o lenço islâmico, ou 'hijab', de forma correta.

A ordem foi o mais recente golpe nos direitos e liberdades das mulheres desde que os talibãs assumiram o poder 'de facto' no país, em agosto de 2021.

A medida gerou uma onda de condenação internacional, com a ONU e vários países do Ocidente a pedir aos talibãs que revertam a decisão imediatamente, até porque o país enfrenta uma crise humanitária cada vez mais profunda, além de um inverno rigoroso e um colapso económico.

As quatro agências lembraram que o Afeganistão está a enfrentar uma das piores crises da sua História, com 06 milhões de pessoas à beira da fome.

Apesar de inicialmente terem prometido um Governo mais moderado, com respeito pelos direitos das mulheres e das minorias, os talibãs têm adotado uma interpretação cada vez mais fundamentalista da lei islâmica, ou 'sharia'.

Além de proibirem a frequência por meninas do ensino primário, médio e universitário, barraram as mulheres da maioria dos setores de trabalho e ordenaram-lhes o uso, em público, de roupas que as tapem da cabeça aos pés.

As mulheres também foram proibidas de ir a parques e ginásios. A sociedade afegã, embora muito tradicional, adotou, nos últimos 20 anos, sob influência dos Estados Unidos e aliados, o hábito de enviar as meninas e mulheres para a escola.

"Condenamos veementemente a decisão das autoridades 'de facto' do Afeganistão de excluir mulheres e meninas das universidades e também lamentamos o último decreto que proíbe as mulheres de trabalhar em organizações não-governamentais", refere o Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, em comunicado hoje divulgado, no qual adianta que a situação cria "uma das maiores disparidades de género do mundo".

Já na quarta-feira, as Nações Unidas tinham admitido que alguns dos seus programas "mais críticos" teriam de ser temporariamente suspensos no Afeganistão devido à falta de pessoal feminino, explicando que a sua equipa feminina é fundamental para a resposta humanitária no país porque consegue aceder a uma parte da população com que os homens não podem contactar.

"Proibir as mulheres de fazer trabalho humanitário tem consequências imediatas que ameaçam a vida de todos os afegãos", alertou a ONU.

"Isto acontece num momento em que mais de 28 milhões de pessoas no Afeganistão, incluindo milhões de mulheres e crianças, precisam de ajuda para sobreviver", lamentou a organização.

O ministro do Ensino Superior do Governo talibã, Nida Mohammad Nadim, explicou a proibição de permitir a frequência das universidade por mulheres, dizendo que é necessário evitar a mistura de géneros e que algumas disciplinas violam os valores islâmicos e afegãos.

Segundo o porta-voz do sindicato das universidades privadas do Afeganistão, Mohammad Karim Nasiri, 35 instituições de ensino superior correm o risco de fechar por causa da proibição, já que muitos estudantes do sexo masculino também têm boicotado aulas e exames em solidariedade para com as suas colegas femininas.

O Afeganistão tem 140 universidades privadas em 24 províncias, com um total de cerca de 200.000 alunos. Destes, cerca de 60.000 a 70.000 são mulheres.

"Fechar as universidades às mulheres é um golpe espiritual e material", disse Nasiri.

"Corajosamente, avisámos as autoridades que, com esta decisão, a nação está a retroceder", acrescentou, adiantando que "todos estão preocupados, desde os professores, aos alunos e funcionários administrativos".





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