Cabul - O embaixador russo em Cabul, Dmitry Zhirnov, vai encontrar-se terça-feira (17) com os talibãs, anunciou hoje, segunda-feira, o enviado do Kremlin para o Afeganistão, segundo o qual Moscovo decidirá se reconhecerá o novo governo afegão em função das suas acções.
"O embaixador russo (Dmitry Zhirnov) está em contacto com os talibãs e terça-feira irá encontrar-se com o seu coordenador de segurança" para discutir questões relacionadas com a segurança da embaixada russa em Cabul, disse Zamir Kabulov à Radio Echo de Moscovo.
Os talibãs "já estão a assegurar o perímetro exterior da embaixada russa. Terça-feira, irão discutir os detalhes a longo prazo", disse Kabulov, citado pela agência France-Presse.
Kabulov afirmou que o reconhecimento pela Rússia da nova liderança afegã "dependerá das suas acções".
"Analisaremos cuidadosamente o quão responsável será a sua abordagem à governação do país (...). E as autoridades russas tirarão as conclusões necessárias", disse o diplomata russo.
A Rússia já tinha indicado, no domingo, que não estava a considerar uma evacuação da sua embaixada em Cabul, assegurando que tinha recebido garantias dos talibãs relativamente à segurança da sua missão diplomática.
"A situação em Cabul é calma, por mais surpreendente que seja". Disse Kabulov.
O Afeganistão está hoje sob o controlo dos talibãs após o colapso das forças governamentais e da fuga do Presidente afegão, Ashraf Ghani, para o estrangeiro.
A ofensiva dos talibãs começou no início de Maio, quando teve início a retirada final das forças estrangeiras do país, após 20 anos, que deve terminar no final do mês.
O movimento islâmico radical governou o Afeganistão entre 1996 e 2001, mas o seu regime foi derrubado por uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, pela sua recusa em entregar o líder da Al-Qaida, Usama bin Laden, após os atentados de 11 de Setembro de 2001.
O enviado do Kremlin para o Afeganistão reconheceu que a rapidez com que os talibãs tomaram o poder foi "uma surpresa" para a Rússia.
"Sobrestimámos as forças armadas do Afeganistão e eles largaram tudo ao primeiro tiro", acrescentou Zamir Kabulov.