Jerusalém - Uma comissão parlamentar recomendou hoje que se realizem eleições antecipadas em Israel a 16 de Março, no dia em que um apoiante do partido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, criou o seu próprio movimento político.
Os deputados israelitas aprovaram uma moção, na semana passada, pedindo a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições.
A votação mandatou uma comissão para formular um projeto de lei com o objectivo de dissolver o Parlamento, no meio de tensões no Governo de unidade nacional, que reúne Netanyahu e o seu rival Benny Gantz.
A comissão finalizou hoje a sua tarefa e recomendou eleições nacionais para dia 16 de Março.
A proposta será agora objecto de novas votações pelos deputados, mas a marcação de eleições antecipadas ficou ainda mais premente quando se soube que Gideon Saar, apoiante do Likud, formalizou a sua saída do partido de Netanyahu para estabelecer o seu próprio movimento político.
"Não posso mais apoiar um Governo liderado por Netanyahu (...). Israel precisa de unidade e estabilidade e Netanyahu não consegue nada disso", disse Saar, que renunciou ao seu posto de deputado do Likud na noite de terça-feira.
Advogado e jornalista, Saar foi eleito pela primeira vez para o Parlamento em 2003, tendo sido depois promovido a ministro, e, em 2019, desafiou Netanyahu nas eleições primárias do Likud, mostrando já divergências com Netanyahu.
"O Likud hoje já não é um partido político. É um projeto pessoal de Netanyahu", disse hoje Emmanuel Navon, professor de ciências políticas que deixou o Likud para se juntar a Gideon Saar.
"O Likud tornou-se um partido norte-coreano e, por isso, não aguentávamos mais. É um partido em que só progridem os cortesãos e onde são excluídos os talentos. Não há mais democracia nesse partido e a corrupção que lá se verifica está cada vez mais acentuada", acusou Navon.
A saída de Gideon Saar do Likud fez manchetes na imprensa israelita de hoje, com rumores de que outras figuras do partido poderão tomar a mesma decisão de afastamento.
"Gideon Saar diz coisas sobre Netanyahu que não se ouvem nem dos mais ferozes inimigos" do primeiro-ministro, escreve o jornal Yediot Aharonot.
Uma sondagem hoje divulgada coloca o futuro partido de Gideon Saar em terceiro lugar, em termos de intenção de voto, atrás do Likud e do partido Yamina (direita radical), de Naftali Bennett, e muito à frente da formação centrista Azul e Branco, de Benny Gantz.