Sófia - O parlamento da Bulgária rejeitou esta quarta-feira o primeiro-ministro designado, Nikolay Gabrovski, do partido de centro-direita GERB, uma decisão que aprofunda a crise política e que poderá implicar as quintas eleições legislativas em dois anos no país balcânico.
Num hemiciclo com 240 lugares e com apenas duas ausências, 113 deputados votaram pela designação de Gabrovski e 125 pronunciaram-se contra, numa votação sem abstenções.
O GERB (Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária) apenas garantiu o apoio do Movimento pelos Direitos e Liberdades (DPS), o partido da importante minoria turca, e da nova formação conservadora e nacionalista Levantamento búlgaro (BV).
O partido venceu com 24,48 por cento de votos expressos as eleições antecipadas de 02 de Outubro, as quartas em 18 meses, e não garantiu o apoio maioritário para um Governo com características tecnocráticas e liderado por Gabrovski.
Os restantes partidos rejeitaram a iniciativa do GERB ao associarem o seu líder Boyko Borisov - definido de populista e soberanista e que dominou a vida política do país entre 2009 e 2021, também vencedor nas últimas legislativas por maioria relativa -, a práticas corruptas e clientelismo.
Após o fracasso do GERB, a próxima tentativa para formar um executivo será atribuída ao anterior primeiro-ministro europeísta Kiril Petkov, cujo Governo foi derrubado em junho passado, após sete meses do poder, na votação de uma moção de censura presentada pela formação de Borisov.
O partido de Petkov, Continuamos a mudança (PP), garantiu o segundo lugar nas eleições de Outubro (19,52%), mas necessita de vários aliados, com os vetos mútuos a impossibilitarem praticamente qualquer aliança.
Caso se registem três tentativas falhadas para formar uma equipa governativa, o Presidente Rumen Radev deverá convocar novas eleições, provavelmente para Março de 2023.
A inexistência de um executivo eleito deverá complicar os planos da Bulgária para aderir à zona euro em 2024 e dificultar os esforços para um acordo sobre o orçamento de 2023, num contexto de elevada inflação e recuo da economia no país mais pobre da União Europeia (UE).
Diversos analistas, citados pela agência noticiosa EFE, admitem que a difícil situação económica e a frustração pela não entrada do país na zona (europeia de livre circulação) Schengen - devido ao recente veto dos Países Baixos e da Áustria e que foi extensível à vizinha Roménia - poderá favorecer no próximo escrutínio os partidos definidos como "pró-russos" e eurocéticos.