Brasília - O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou hoje de incompreensível a proposta apresentada por Donald Trump de deslocar palestinianos de Gaza, para os Estados Unidos assumirem o controlo da área.
"Não tem sentido o Presidente dos Estados Unidos reunir-se com o Primeiro-ministro de Israel, (Benjamin) Netanyahu, e dizer 'nós vamos ocupar Gaza, vamos recuperar Gaza, vamos morar em Gaza'. E os palestinianos vão para onde? (...) É uma coisa incompreensível para qualquer ser humano", disse Lula da Silva numa entrevista às rádios locais do Estado brasileiro de Minas Gerais.
"Acho que as pessoas precisam parar de falar aquilo que lhes vem na cabeça e começar a falar aquilo que é razoável para que a gente possa consolidar o processo de respeitabilidade no mundo, o processo democrático no mundo, o processo de que cada um manda no seu país, cada um governa o seu país e vamos deixar os outros países em paz", acrescentou.
O Presidente dos Estados Unidos disse na terça-feira que quer que os Estados Unidos assumam o controlo da Faixa de Gaza e reconstruam o território, depois de os palestinianos serem reinstalados noutros locais.
Esta posição foi transmitida em conferência de imprensa, após o encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca.
Trump não excluiu a possibilidade de enviar tropas norte-americanas para apoiar a reconstrução de Gaza e considera que a participação dos EUA será de "longo prazo".
Citando o discurso expansionista do presidente norte-americano, que declarou ter a intenção de ocupar a Groenlândia, anexar o Canadá e tomar o canal do Panamá, Lula da Silva avaliou que "há um tipo de político que vive de bravata e o presidente Trump fez a campanha dele assim".
O Presidente brasileiro considerou, porém, que Trump "não pode agora mudar repentinamente o país [Estados Unidos] que vende a paz para o país que vende a ideia da provocação, da discordância".
Lula da Silva reforçou sua avaliação de que o acontece em Gaza é um genocídio e disse que os Estados Unidos, principal aliado de Israel, não "seria o país para tentar cuidar de Gaza".
O governante sul-americano repetiu a posição histórica da diplomacia brasileira em defesa da criação de um Estado Palestiniano como solução para os conflitos no Oriente Médio.
"Nós defendemos a criação de um Estado Palestiniano igual ao Estado de Israel para estabelecer uma política de convivência harmónica porque é disso que o mundo precisa. O mundo não precisa de arrogância, o mundo não precisa de frases de efeito, o mundo precisa de paz e tranquilidade", concluiu. JM