Viena- O parceiro minoritário da coligação de Governo austríaco pediu hoje (sexta-feira) ao partido do chanceler, Sebastian Kurz, que o substitua por uma "pessoa irrepreensível", após o ministério público indicar que ele é alvo de uma investigação por corrupção.
O anúncio do ministério público, feito no início desta semana, de que Kurz e outras nove pessoas estão sob investigação por suspeita de quebra de confiança e suborno, desencadeou uma crise na coligação governamental do seu conservador Partido Popular Austríaco e dos Verdes, que assumiu funções em Janeiro de 2020.
Kurz e pessoas que lhe são próximas foram acusados de tentar garantir a sua ascensão à liderança do partido e do país com a ajuda de sondagens manipuladas e notícias favoráveis na imprensa, financiadas com dinheiro público.
Sebastian Kurz, que se tornou líder do Partido Popular e depois chanceler em 2017, tem negado ter cometido qualquer irregularidade e deixou claro que não tenciona demitir-se.
Os Verdes afirmaram na quinta-feira que a investigação cria "uma imagem desastrosa" e levanta questões sobre a "capacidade de acção" do chanceler.
Noutro caso, as autoridades anti-corrupção colocaram Kurz sob investigação em maio, por suspeita de falsas declarações numa comissão parlamentar, uma acusação que ele também rejeitou.
Hoje, os Verdes foram mais longe: "É claro que alguém nesta situação já não tem capacidade para exercer o cargo", sustentou a líder do grupo parlamentar do partido, Sigrid Maurer.
"O Partido Popular tem a responsabilidade de nomear uma pessoa irrepreensível que possa continuar a dirigir este Governo", prosseguiu.
Kurz, de 35 anos, domina o seu partido que, até agora, cerrou fileiras em torno dele, mas "ainda há tempo, até terça-feira", quando os partidos da oposição planeiam apresentar uma moção de censura contra o chanceler no parlamento, disse Maurer.
Os Verdes discutiram a situação com outros partidos, enquanto o Presidente austríaco, Alexander van der Bellen, realizava reuniões com todos os líderes partidários com assento parlamentar.
A primeira coligação de Kurz, com o Partido da Liberdade, de extrema-direita, desfez-se em 2019. O chanceler pôs-lhe termo após a divulgação de um vídeo em que se via o então vice-chanceler, Heinz-Christian Strache, a oferecer favores a um alegado investidor russo.