Riade - A Arábia Saudita condenou hoje as "graves violações" cometidas pelo exército de Israel na operação militar na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, que matou 12 palestinianos, um soldado israelita, provocando mais de 100 feridos.
Num comunicado na conta no Twitter, o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita "condena e denuncia a escalada israelita nos Territórios Palestinianos Ocupados, sendo a última a agressão contra a cidade de Jenin, que causou a morte de vítimas inocentes e feridos".
O ministério saudita expressou "sinceras condolências" às famílias das vítimas, bem como ao governo e ao povo palestiniano, desejando uma rápida recuperação aos feridos pela operação militar israelita, a maior lançada por Israel na Cisjordânia desde o fim da Segunda Intifada, há quase duas décadas.
Terça-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu a necessidade de "completar a missão" na zona, com o objectivo de "erradicar o terrorismo" das milícias palestinianas.
"Não permitiremos que Jenin volte a ser um bastião do terrorismo", disse Netanyuahu, enquanto o primeiro-ministro palestiniano, Mohamad Shtayeh, afirmou que "é o povo palestiniano que tem o direito à auto-defesa", um direito que "uma potência ocupante não tem".
A declaração de Riade surge quase uma semana depois de o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter afirmado que o aumento da violência na Cisjordânia, ainda antes da operação militar em Jenin, tornou "muito mais difícil, se não impossível" os esforços do seu país para promover um acordo de normalização das relações diplomáticas entre Israel e a Arábia Saudita.
Terminada a operação militar israelita, com a retirada dos soldados da região, os residentes do campo de refugiados de Jenin, bastião histórico palestiniano situado no norte da Cisjordânia ocupada, começaram a regressar hoje às suas habitações e relataram a destruição de casas e de ruas.
Cerca de três mil residentes abandonaram o campo de refugiados na madrugada de segunda-feira quando se intensificou a operação militar de grande escala, terrestre e aérea, contra o território habitado por palestinianos.
Calcula-se que vivem no campo de refugiados cerca de 20 mil pessoas.
Tratou-se da maior campanha militar de Israel na Cisjordânia desde a Segunda Intifada (2000-2005) em que participaram mil soldados, apoiados por aviões de combate.
O Exército israelita confirmou hoje de manhã que se retirou da zona, depois do início da saída das tropas durante a última noite.
Muitos residentes optaram por ficar no campo apesar dos apelos em sentido contrário da organização de apoio humanitária palestiniana Crescente Vermelho, afirmando que sabem "o que é para um refugiado abandonar" o local onde se encontra.
O campo de refugiados de Jenin está povoado de famílias palestinianas que foram obrigadas a fugir dos locais de origem em 1948, data da fundação do Estado de Israel. GAR