Buenos Aires - O ex-presidente da Argentina, Alberto Fernández, foi acusado, esta quarta-feira, por lesões causadas à ex-mulher, ameaças e abuso de poder, segundo Notícias ao Minuto.
O caso tem vindo a ser falado na imprensa, depois de no início do mês a ex-primeira-dama Fabiola Yañez ter denunciado o antigo companheiro.
O antigo chefe de Estado argentino já negou o crime várias vezes e chegou mesmo a ter o passaporte caducado.
A acusação formal surge depois de a procuradoria-geral ter ouvido a antiga primeira-dama, testemunho que fez com que as acusações ganhassem um peso ainda maior.
Segundo o que conta a imprensa argentina, Alberto Fernández, de 65 anos, foi primeiro investigado por ter agressões de carácter mais leve, agora estará em causa também o abuso de poder, assim como lesões mais graves e ameaças.
Depois de ter partilhado fotografias tiradas depois de agressões, Fabiola Yañez garantiu que tinha sido vítima de episódios diários de violência reprodutiva, institucional, verbal, física e doméstica, além de constantes traições.
Segundo a imprensa adiantou, numa audiência que aconteceu na terça-feira, a mulher, de 43 anos, confessou mesmo que foi obrigada pelo marido a fazer um aborto.
As agressões terão acontecido durante oito anos e o Ministério Público da Argentina autorizou que outras quatro pessoas fossem ouvidas como testemunhas no caso, incluindo uma ex-secretária de Fernández e um médico.
Fabiola Yañez referiu que Alberto Fernández a "'empurrou' para cometer um aborto" porque "ele não estava pronto" para ser pai.
A mulher contou que as situações que foram decorrendo ao longo do tempo já demonstravam alguma "obsessão", e exemplificou dizendo que ela tinha que "estar sempre atenta às chamadas" que ele lhe fazia.
Segundo contou, a situação chegava ao ponto de ela "não conseguir interagir com terceiros e ter uma vida normal" ou "sair com amigas"; já que tinha de responder "de três em três minutos".
"Se eu saísse era porque eu o traía. O insólito disso era que, enquanto eu ficava em casa com uma amiga, ele saía para estar com outras mulheres; o que eu descobri no final", contou.
Fabiola contou que já tinha falado de ter filhos, e que o momento em que engravidou chegou, assim como período em que "apareceu o desprezo e a rejeição de Alberto Fernández em relação ao filho por nascer".
A mulher diz ainda que sofrendo de violência reprodutiva através "do abandono, desprezo e acusações" ficou vulnerável e levou-a "a tomar a terrível decisão de abortar o meu filho, gerando-me, assim, graves danos psicológicos e emocionais até hoje".
Quando o caso foi denunciado surgiram também fotografias das marcas deixadas pelas agressões, assim como mensagens.
Segundo o testemunho da mesma, ainda chegou a ir para Londres, no Reino Unido, mas voltou para o ex-presidente, que lhe prometeu constituir uma família.
“Porém, como no princípio, voltou o assédio e a perseguição constante. Paralelamente, eu recebia mensagens de muitas mulheres que me diziam ter uma história íntima com ele, que as negava. Uma dessas pessoas é quem administrava a comunicação dele", aponta.
Fabiola conta que procurou depois ajuda médica e que começou a tomar medicação.
Fabiola agravidou e teve um filho do ex-presidente, em 2022, mas segundo o que conta os episódios de violência continuaram. GAR