Damasco - O antigo líder rebelde Ahmed al-Sharaa foi nomeado presidente interino da Síria, quase dois meses depois de o seu grupo ter ajudado a derrubar o ditador Bashar al-Assad, cita a euronews.
Al-Sharaa, cuja organização Hayat Tahrir al-Sham (HTS) foi em tempos afiliada da Al-Qaeda, tem estado no comando do país desde que as forças da oposição invadiram Damasco no início do dia 8 de Dezembro, na sequência de uma ofensiva surpresa que durou menos de duas semanas.
A sua nomeação como presidente interino foi anunciada na quarta-feira, na capital síria, após uma reunião com outras facções rebeldes e actuais parceiros.
O coronel Hassan Abdul Ghani, porta-voz militar do governo de transição, disse que al-Sharaa formaria um conselho legislativo temporário.
A constituição que estava em vigor durante o regimento de Bashar al-Assad foi cancelada e o parlamento do país foi dissolvido, acrescentou.
Não se sabe ao certo de quanto tempo a Síria vai precisar para redigir uma nova constituição e preparar-se para as eleições.
No entanto, Al-Sharaa, que anteriormente usava o seu nome de guerra, Abu Mohammed al-Jolani, deu a entender que poderão passar quatro anos até que o país realize uma votação nacional.
Num discurso em que usou uniforme militar, na quarta-feira, o líder sírio disse que ele e os seus colegas enfrentavam uma "tarefa pesada e uma grande responsabilidade" ao tentarem reconstruir um país devastado por mais de 13 anos de guerra civil.
"Se o vencedor for arrogante após a sua vitória e esquecer a graça de Deus sobre ele, isso levá-lo-á à tirania", afirmou.
As prioridades da administração interina são "preencher o vazio de poder de forma legítima e legal" e "manter a paz civil, procurando a justiça transitória e evitando ataques de vingança", declarou.
O Qatar foi o primeiro país a reagir à nomeação de al-Sharaa, afirmando que se tratava de um passo em direcção a uma "transferência pacífica de poder através de um processo político abrangente".
Al-Sharaa tem procurado distanciar-se das suas raízes de linha dura, apresentando-se como um líder que irá representar todos os sírios.
O HTS continua a ser considerado uma organização terrorista por países como o Reino Unido e os Estados Unidos. AM