Luanda – O alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para “uma pressão crescente” nos sistemas de saúde dos países e a vacinação mundial infantil pelos serviços globais que abrangeu mais de quatro milhões de crianças em 2022 do que no ano anterior, constituíram os principais destaques do noticiário internacional da ANGOP na semana que hoje, sábado, finda.
Segundo o director geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o calor extremo está a atingir fortemente os idosos, os bebés, as crianças, os pobres e os sem-abrigo na Europa, na Ásia e na América do Norte, o que, segundo cientistas, resulta das alterações climáticas e do ressurgimento recente do fenómeno El Nino.
O responsável explicou que a organização, em colaboração com a Agência Meteorológica das Nações Unidas (OMM), está a ajudar os países a desenvolverem planos de saúde contra o calor, para os ajudar a reduzir os efeitos do calor excessivo na área da saúde.
Noutra vertente, a OMS e a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revelaram que os mais recentes números de referência das vacinas contra difteria, tétano e tosse convulsa (DTP) mostram uma clara recuperação, após o retrocesso causado pela pandemia.
Apesar desta recuperação, prosseguiram, a cobertura vacinal ficou ainda aquém dos níveis pré-pandemia, colocando as crianças em risco elevado de surtos de doenças.
Segundo os dados da OMS e da UNICEF, dos 73 países que registaram diminuições substanciais na cobertura durante a pandemia, 15 recuperaram os níveis pré-pandemia, 24 estão a recuperar e, "o mais preocupante, 34 estagnou ou continuaram a diminuir".
Por exemplo, no ano transacto, 20,5 milhões de crianças não receberam uma ou mais vacinas administradas através dos serviços de imunização de rotina, em comparação com 24,4 milhões de crianças em 2021.
As organizações internacionais realçam que apesar desta melhoria, o número continua a ser superior aos 18,4 milhões de crianças que ficaram sem vacinação em 2019, antes das interrupções relacionadas com a pandemia.
Das 20,5 milhões de crianças que não receberam uma ou mais doses da vacina DTP em 2022, 14,3 milhões não receberam nenhuma dose, designadas por "dose zero".
Ainda nos últimos sete dias, a notícia sobre a suspensão do Acordo “Grãos do Mar Negro”, decretada pela Rússia, alegando incumprimento de compromissos relativamente à retirada das sanções ao Banco Agrícola Russo, mereceu também destaque.
O Acordo “Grãos do Mar Negro”, assinado há um ano, não foi renovado pela Rússia a 17 de Julho, ameaçando a movimentação de cereais e fertilizantes para o ocidente.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em Fevereiro de 2022, só através deste Acordo, conseguido em Julho com a mediação das Nações Unidas e da Turquia, foi possível que toneladas de alimentos deixassem a região do Mar Negro.
A Rússia e a Ucrânia são grandes fornecedores mundiais de trigo, cevada, óleo de girassol e outros produtos alimentares e o pacto abrangia a exportação de cereais ucranianos e ainda fertilizantes e produtos alimentares russos.
No último ano foram exportadas cerca de 33 milhões de toneladas de cereais para os portos mundiais, o que aliviou os agricultores ucranianos e os países com maior insegurança alimentar no mundo.
A propósito, a presidente da Comissão Europeia condenou a "decisão cínica" da Rússia de suspender o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro e prometeu que a União Europeia (UE) vai continuar a transportar produtos agro-alimentares.
"Condeno veementemente a decisão cínica da Rússia de acabar com a Iniciativa dos Cereais do Mar Nego, apesar dos esforços das Nações Unidas e da Turquia", escreveu Ursula von der Leyen na rede social Twitter, pouco depois de o Kremlin anunciar a suspensão do acordo, que vigorou até domingo.
Na semana prestes a findar, fez também eco a cimeira da União Europeia (UE) com os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), marcada por divergências sobre a declaração final.
A propósito, o Presidente do Brasil, Lula da Silva, considerou a cimeira entre a UE e a CELAC "extremamente bem-sucedida", por revelar o interesse europeu, e garantiu "abertura do Brasil".
“Foi uma reunião extremamente bem-sucedida e, de todas as reuniões em que participei, foi a mais bem-sucedida", disse Lula da Silva, em entrevista à imprensa internacional em Bruxelas, no final de dois dias de cimeira UE-CELAC, no início desta semana.
O chefe de Estado brasileiro justificou o sucesso da reunião atendendo às questões actuais: "possivelmente pela disputa entre os Estados Unidos e a China, pelo investimento da China na África e na América Latina, pela nova rota da seda e possivelmente pela guerra da Ucrânia causada pela invasão russa".
A primeira cimeira UE-CELAC em oito anos, que juntou em Bruxelas mais de 50 líderes de ambos os blocos regionais, foi marcada pelos diferentes pontos de vista sobre a guerra da Ucrânia, nomeadamente da Venezuela, Cuba e Nicarágua, sendo que foi este último país quase bloqueou a declaração final, que reuniu consenso à última hora.
Na semana em referência, o primeiro-ministro do Iraque ordenou a expulsão do embaixador sueco e a retirada do encarregado de negócios iraquiano da Suécia, depois de um homem ter queimado uma cópia do Alcorão em Estocolmo.
O conflito diplomático ocorreu horas depois de manifestantes terem protestado contra a queima de uma cópia do livro sagrado islâmico na capital sueca, invadindo a embaixada sueca em Bagdad que provocou um incêndio.
Os manifestantes que entraram na embaixada agitavam bandeiras e sinais com o rosto do influente clérigo xiita iraquiano e líder político Muqtada al-Sadr, contestando o que consideraram ser a passividade das autoridades suecas para com o acto da profanação do Alcorão.
Outra matéria de realce nesta semana foi o anúncio da reabertura parcial da Ponte da Crimeia, após explosões que causaram danos na parte rodoviária da ponte que tem sido usada para transportar equipamentos militares para o Exército russo na invasão da Ucrânia.
Recorde-se que o ataque à ponte da Crimeia resultou na morte de duas pessoas.
Os serviços de informações da Ucrânia já reclamaram a autoria do ataque que terá sido realizado por serviços especiais e forças navais usando 'drones'.
A ponte de betão de 18 quilómetros de extensão, construída por ordem do presidente russo, Vladimir Putin, e que ele mesmo inaugurou, em 2018, consiste em duas estruturas paralelas, uma reservada ao tráfego rodoviário e outra ao tráfego ferroviário.
No período em análise, os ministros das Finanças e responsáveis de bancos centrais do G20 iniciaram conversações sobre os acordos de reestruturação da dívida, as reformas de bancos multilaterais e o financiamento da luta contra as alterações climáticas.
O objectivo das conversações sobre estes temas, numa reunião de dois dias, é apoiar uma economia mundial em abrandamento. JM