Mbanza Kongo- A ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, considerou, esta sexta-feira, em Mbanza Kongo, província do Zaire, dom Emanuel António Nsaku Nvunda como o precursor das relações entre Angola e o Estado do Vaticano.
Carolina Cerqueira, que discursava na cerimónia de inauguração do busto deste diplomata, que faleceu com 33 anos de idade, lembrou-o como sendo um homem nobre, político, diplomata e intelectual de grande sapiência.
Para a ministra de Estado, “Negrita” é o arquitecto das actuais boas relações existentes entre o governo angolano e a Igreja Católica, forjadas ao longo de cinco séculos de evangelização e seladas com o acordo firmado a 8 de Julho de 1997.
Lembrou que este príncipe do Kongo foi sepultado com honras de Estado na Basílica de Santa Maria de Maior, em Roma, por ordem do Papa Paulo IV.
Primeiro embaixador de África ao sul do Sahara no Vaticano, em representação do Reino do Kongo, “Negrita” chegou a Roma em 1608, já moribundo, como consequência de várias peripécias vividas ao longo da viagem por caravela que durou quatro anos.
Conforme a ministra, o relacionamento com a Santa Sé caracteriza-se pelo respeito mútuo, entendimento, cordialidade e pela cooperação em vários domínios, no âmbito do acordo quadro assinado recentemente com o Estado do Vaticano.
Carolina Cerqueira valorizou a inauguração do busto em Mbanza Kongo, frisando que serve também para homenagear esta figura histórica de Angola e de África, visando resgatar a sua memória.
“Esta cerimónia representa uma homenagem nacional a uma das figuras históricas mais marcantes da Nação Angolana, com vista ao resgate da sua memória”, enfatizou.
Este projecto, disse, responde a uma preocupação do chefe de Estado angolano, João Lourenço, que visa homenagear a figura incontornável de dom António Manuel “Negrita” para que o seu nome seja perpetuado na histórica cidade que o viu nascer há precisamente 446 anos.
A ministra vincou que a homenagem a Nsaku Nvunda constitui o reconhecimento da diversidade cultural no contexto da angolanidade, que assenta nos elementos forjados ao longo de gerações e que dão sentido à identidade colectiva, de cujas memórias partilhadas se ergue a Nação angolana.
Apelou, na ocasião, a juventude angolana para que conheça e aprofunde o conhecimento sobre factos históricos representados em lugares de memória nesta cidade que considerou necessários para a manutenção da história e a realidade contemporânea do país.
Para si, o facto de Mbanza Kongo constituir o centro da expansão do cristianismo na África Central e Ocidental e referência no quadro da diplomacia internacional, o busto agrega um valor que despertará o interesse de turistas e estudiosos.
Dom António Manuel Nsaku Nvunda, segundo disse, foi também o segundo embaixador não europeu junto do Vaticano.
Testemunharam a cerimónia, o governador provincial, Pedro Makita Armando Júlia, o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Filipe Nzau, o bispo da diocese de Mbanza Kongo, dom Afonso Vicente Kiazikua, a secretária de Estado da Cultura, Maria da Piedade de Jesus.
O busto em homenagem de dom Nsaku Nvunda foi erguido no largo baptizado com o seu nome, no centro da cidade de Mbanza Kongo, capital do antigo Reino do Kongo e actual Património Cultural da Humanidade, desde 8 de Julho de 2017.