Mbanza Kongo – O Bispo de Mbanza Kongo (Zaire), Dom Vicente Carlos Kiaziku, afirmou, esta sexta-feira, que o busto de dom António Manuel Nsaku Nvunda representa o regresso virtual deste enviado especial do Reino do Kongo ao Vaticano.
O prelado católico, que discursava na cerimónia de inauguração do busto, disse que a estátua vai perpeCtuar a memória deste diplomata que chegou a Roma em 1608, enviado pelo Rei do Kongo dom Álvaro II.
O religioso agradeceu o Presidente da República, João Manuel Lourenço, pela ideia de trazer a Mbanza Kongo a réplica da estátua erguida na Basílica de Santa Maria do Maior, em Roma, onde foi sepultado.
“A figura de Nsaku Nvunda deve ser imitada, nos aspectos que marcaram a sua personalidade como homem culto, coerente, religioso, altruísta, aberto, corajoso, diplomata e político focado na procura do bem-estar do seu povo, missão que exerceu com brio e mestria”, argumentou.
Lembrou a difícil trajectória de Negrita até a sua chegada a Roma, em 1608, cuja viagem de caravela durou quatro anos, cuja demora deveu-se ao ataque de piratas que fez desviar a embarcação para o Brasil, Portugal e Espanha.
O Bispo da Diocese de Mbanza Kongo destacou, também, a designação de Pai da Diplomacia Angolana e africana atribuída a este príncipe Konguês, por ter sido o precursor das relações entre Angola, África e a Santa Sé.
Para Vicente Carlos Kiaziku, o passado do embaixador “Negrita”deve continuar a servir de inspiração da Nação Angolana na construção de boas relações com o Vaticano e com outros estados, pautando por um diálogo sincero que salvaguarde os interesses mútuos.
Manuel Nsaku Nvunda foi o enviado especial do rei do Kongo, Dom Álvaro II, para junto do Vaticano interceder por maior autonomia da Igreja Católica no seu reinado, cujos nativos eram impedidos pelo Reino de Portugal de se tornarem clérigos.
Faleceu logo após a sua chegada a Roma (Itália) e foi enterrado na Basílica de Santa Maria de Maior, com honras de estadista.
Esta figura foi também enaltecida pelo governador do Zaire, Pedro Makita Armando Júlia, para quem a sua bravura e coragem devem inspirar o presente e o futuro dos angolanos, na luta pelo desenvolvimento e integração do seu povo.
Mbanza Kongo foi o centro político- administartivo do antigo Reino do Kongo e actual Património Cultural da Humanidade da Unesco, desde 8 de Julho de 2017.
A cerimónia de inauguração do busto foi presidida pela ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, e testemunhada pelo governador provincial, Pedro Makita Armando Júlia, ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Filipe Nzau, pela secretária de Estado da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, autoridades tradicionais e por demais munícipes.