Huambo – A cultura e a arte dos ovimbundos estiveram, este sábado, no Huambo, em evidência no palco provincial da dança e música tradicional, no âmbito da III edição do Festival Nacional de Cultura (Fenacult).
Ao som do batuque, os grupos, em representação dos 11 municípios da província do Huambo, protagonizaram um espectáculo de acordo com a diversidade cultural deste povo da região do Planalto Central do país.
A iniciativa, inserida no Fenacult especial centenário Doutor António Agostinho Neto, a decorrer de 22 a 27 do corrente mês, enquadrou-se nas estratégias de recuperação dos valores e tradições herdadas dos ancestrais.
Decorrido no pavilhão gimnodesportivo da cidade Baixa, os grupos apresentaram vários estilos de danças tradicionais umbundu, com destaque para o olundongo, reservada para grandes eventos, okatita, otchisosi, elisemba e ovidjomba.
Constituídos, maioritariamente, por mulheres, com os homens a se ocuparem apenas dos instrumentos (batuques e tambores), cada um dos grupos trouxe lições de vida, com mensagens de sabedoria de como os jovens devem respeitar os hábitos e costumes locais e como devem sustentar e cuidar as famílias.
Exibiram, em dez minutos/cada, coreografias diversificadas, principalmente, ligadas à pesca, caça e cultivo, enquanto pressupostos fundamentais para garantir a economia dos agregados familiares, para além de outras sobre o tráfico de escravo e a luta de libertação nacional.
Para a cultura umbundu, a dança é um instrumento que ao ser exibido encontra múltiplos significados, uma vez que a mesma não serve, simplesmente, como divertimento, pois, para além de uma animação, visa prestar acção de graças e outros tributos.
Na ocasião, o director do Gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos no Huambo, Jeremias Piedade Chissanga, referiu que o palco provincial da dança música tradicional, serviu para valorizar, divulgar e preservar os ritmos e coreografias tradicionais dos ovimbundos.
As cantoras Bela Esanju e Zinaida Katchiungo abrilhantaram o evento.
Agenda do Fenacult
O programa do Fenacult, aberto terça-feira, com a realização de conferências e colóquios, reserva até domingo, a realização da exposição centenária do Dr. António Agostinho Neto, festivais de poesia e trova, teatro e do Otchinganji, símbolo da cultura mítica ancestral, acompanhada de danças e canções do estilo olundongo, para além de espectáculos e concertos.
Angola realizou, pela primeira vez, um festival nacional de cultura, em 1989, enquanto a segunda decorreu em 2014.
Recorde-se que o fundador da Nação angolana nasceu a 10 de Setembro de 1922, no Icolo e Bengo, tendo falecido a 10 de Setembro de 1979, em Moscovo na Rússia. Como primeiro Presidente de Angola, proclamou a independência nacional a 11 de Novembro de 1975.
Para além do seu papel na política, é ainda figura de destaque na cultura nacional, tendo escrito várias obras literárias, traduzidas em várias línguas.