Luanda - O ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, considerou uma perda irreparável a morte do músico angolano Justino Handanga, ocorrida esta segunda-feira, em Luanda, por doença.
Justino Handanga morreu aos 55 anos de idade, no Complexo Hospitalar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento (CHDCP), onde foi evacuado recentemente.
Numa nota, que à ANGOP teve acesso, o governante endereçou sentimentos de pesar à família do malogrado.
Destacou os feitos do músico em prol da preservação e exaltação da cultura angolana.
Bié
Numa outra nota, o governador do Bié, Pereira Alfredo, afirmou que a música perdeu um embaixador íntegro da cultura angolana, com a morte de Justino Handanga.
O governante refere que o músico, que várias vezes actuou nesta região Centro/Sul do país, granjeava um carisma inigualável da população desta província.
Pereira Alfredo reafirmou que música fica agora privada da voz de um ícone que soube valorizar a língua nacional umbundo nas suas composições que emocionaram o país, e não só.
"A população do Bié em particular chora com profunda tristeza aquele que considera um filho e um verdadeiro intérprete da nossa cultura e da nossa identidade", lê-se na nota de condolências.
Vários músicos desta província também lamentaram a morte do colega, com realce para Francisco de Assim, que recentemente gravou uma música, com a participação de Justino Handanga, com o título “Desabafo”.
Moxico
Na província do Moxico, a classe artística considera o músico e compositor Justino Handanga como uma estrela e “relíquia” da música nacional.
Reagindo sobre a morte deste ícone da música angolana, os artistas locais renderam-se perante esta figura que cantou e encantou os angolanos, sobretudo na época da guerra civil no país, com ricas canções, principalmente na língua Umbundu.
Para o músico Raimundo da Silva "Rey Lex”, Handanga foi uma estrela da música folclore do país, tendo contribuído muito para o manancial da música angolana.
Rey Lex, que dividiu várias vezes o palco com Justino Handanga, acredita que o nome deste músico e compositor ficará gravado nos anais da história musical angolana.
Na mesma perspectiva, a cantora Namanhonga classificou Handanga como uma “lenda”, que serviu como fonte de expiração de várias gerações de músicos.
Recordando o momento que partilhou o palco com o malogrado, há menos de um ano, na província do Cuando Cubango, reconheceu que contribuiu muito para a unificação da classe artística do país, opinião partilhada pela cantora Sandra Nhakatolo.
“O país está a perder vários mosaicos culturais”, lamentou a artista do estilo Tchianda.
Para o artista folclore Henriques Salomão "Chefe Tchicomba", o país perdeu uma figura que soube fazer marketing, permitindo a valorização da música tradicional angolana, importante veículo para a preservação dos hábitos e costumes locais.
Cunene
Justino Handanga foi também enaltecido na província do Cunene, como um ícone da música popular angolana e da promoção da identidade linguística nacional.
Por seu turno, o chefe do departamento provincial da acção cultural, Adérito Armando, realçou que a morte de Justino Handanga constitui uma perda irreparável, tendo considerado o momento de profunda tristeza para a cultura nacional.
“Não é apenas o Huambo que perde este grande artista, mas o país e a cultura no geral, pois, ao cantar na língua umbundo, exaltava as línguas nacionais”, sublinhou.
Adérito Armando diz que durante toda sua vida o malogrado doou-se a causa da valorização e exaltação das línguas locais e várias vezes pisou o solo do Cunene em eventos culturais.
Para o artista Vlado Coast, o desaparecimento físico do artista representa a perda de um grande ícone da música que serviu de fonte de inspiração às novas gerações, usando as línguas nacionais nas suas obras à nível local e internacional.
Disse que a morte de Handanga representa uma perda para o tecido musical angolano, com particular realce para a cultura dos povos do sul.
Apesar de não ter uma proximidade com o malogrado, Vlado Coast disse que chegou a conhecê-lo e privou por duas vezes com o artista, tendo caracterizado como uma pessoa simples, de trato fácil e humilde.
Já o promotor de eventos, António Machado, afirmou que foi um artista que demonstrou, a sociedade angolana, cantos com uma característica peculiar, que levava ao delírio qualquer pessoa.
O estilo musical do artista levava as comunidades locais a vibrar e dançar, o que de certa forma conservava algo característico da tradição, identidade cultural e da originalidade do bem encantar dos povos de Angola, referiu.
Lunda-Sul
Na província da Lunda-Sul, os artistas residentes mostraram também a sua consternação pela morte de Justino Handanga que, segundo Mbimbi Chow, foi um exímio compositor e artista completo, defendia as suas origens e a identidade cultural do seu povo.
O músico diz que deixa um vazio incomensurável a classe artística, pois que “o seu timbre de voz deixará saudades, uma vez que não é fácil imitar os seus feitos”.
Lemba Katchokwe, outro músico, lamentou a morte do artista, reiterando que o país perde um filho, que muito bem sabia representar as origens e a identidade cultural, por onde passasse.
Para o músico Santos Católico, o passamento físico de Handanga entristece qualquer artista, pois deixa um legado para as novas gerações que terão a responsabilidade de levar as suas composições a outros patamares.
Lembrou que o artista é uma fonte de inspiração para outros e que as suas canções transmitiam mensagens de paz, união, reconciliação nacional e amor.
Por seu turno, o director do gabinete provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Nelson Muiuca, afirmou que a perda de Justino Handanga representa para todos um vazio incomensurável.
Apelou aos jovens a seguirem os exemplos de Handanga que nasceu a 1 de Janeiro de 1969, na aldeia de Ndoluka, comuna da Luvemba, município do Bailundo, província do Huambo.
Possui dois discos no mercado musical, sendo o primeiro “Ondjonguele Ya Telisiwã (Alvo Atingido) ”, lançado em 2004 e o segundo “ Homenagem ao empresário Valentim Amões”, lançado em 2011.
Participou, em 2005, da 15ª edição do Top dos Mais Queridos da Rádio Nacional de Angola, ficando em 3° lugar, com a conhecida música “Paulina” e, em 2006, ficou em 5° lugar, partilhando o mesmo palco com o saudoso músico Bangão.
Justino Handanga, músico do estilo popular, iniciou a carreira musical na década de 80, após ter perdido os seus progenitores, aos cinco anos, com a participação no concurso denominado “Pió-Pió”, realizado aos domingos, pela Organização de Pioneiros Agostinho Neto (OPA), no município do Bailundo, onde imitava músicos nacionais e internacionais.
Aos 17 anos, Justino Handanga, um dos pesos-pesados do cancioneiro nacional, ingressou nas ex-Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) e fez parte de um grupo musical da corporação, denominado “Pela Paz”.
O autor dos sucessos como “Ndumbalundo”, “Olonamba”, “Tenho saudades”, “Paulina”, “Carlito” e “Abílio”, ingressou nas fileiras da Polícia Nacional de Angola no dia 10 de Outubro de 1992, após cumprir o serviço militar nas antigas FAPLA. OHA