Huambo – O músico Justino Handanga, falecido na última segunda-feira, em Luanda, vítima de doença, continuará a ser uma referência e fonte inesgotável de inspiração para os novos artistas, afirmou a governadora da província do Huambo, Lotti Nolika.
Numa mensagem de condolência chegada, esta terça-feira, à ANGOP, a governante disse que o artista, de 55 anos de idade, deixou um rico e enorme legado musical que deve ser valorizado, enaltecido e divulgado pelas futuras gerações.
Com a morte de Justino Handanga, sublinhou, Angola acaba de perder um dos maiores e notáveis rostos da sua história musical que soube, com a sua voz, enaltecer a identidade músico-cultural para além fronteiras.
Segundo a governadora, trata-se de um músico exuberante, dono de uma voz única, autor de sucessos como “Paulina”, “Olonamba”, “Ndumbalundo”, “Tenho Saudades”, dentre outros, cuja morte empobrece a cultura angolana, que perde um das referências artístico-musical.
Acrescentou que durante a sua carreira, Justino Handanga dedicou-se arduamente na recolha do reportório musical da região Centro-Sul do país, contribuindo de forma exemplar para o crescimento da cultura angolana.
Considerou, ainda, o malogrado músico como alguém que ostentava uma das melhores vozes do cancioneiro popular, pois foi um exímio defensor da música angolana de raiz, cujas letras transformaram-se em autênticos hinos de sucesso.
Por isso, Lotti Nolika diz ter sido com espírito bastante desolador que o Governo da província do Huambo tomou conhecimento do falecimento do emblemático músico Justino Handanga, ocorrido na última segunda-feira, em Luanda, vítima de doença, no Complexo Hospitalar Dom Cardeal Alexandre do Nascimento.
“Neste momento de dor e profunda tristeza, em nome do Governo da província do Huambo e em meu próprio, inclino-me perante a sua memória e endereço à família enlutada e a cultura nacional os nossos mais profundos sentimentos de pesar e sua alma descanse em paz”, concluiu a governante.
Homenagens
Paralelamente as mensagens de condolências, com realce para as do Secretariado da Comissão Executiva do Comité Provincial do MPLA, do Conselho Provincial da Juventude, da União Nacional dos Artistas e Compositores e de outras entidades individuais, vários músicos desta região uniram-se e gravam uma música que enaltece as qualidades de Justino Handanga.
De igual modo, foram realizadas, segunda-feira, um pouco por toda província do Huambo, serões e fogueiras, com velas acesas, onde foram interpretados os melhores sucessos do artista.
Segundo o programa das exéquias, o corpo de Justino Handanga chega às 15 horas de quarta-feira, na cidade do Huambo, devendo ter uma passagem na sua antiga residência, no bairro Santa Iria, zona em urbanização desta urbe e, seguidamente, para o pavilhão multiusos Osvaldo de Jesus Serra Van-Dúnem, onde decorrerá o velório.
O funeral está previsto para quinta-feira, no cemitério municipal do Bailundo, a 75 quilómetros a Norte da cidade do Huambo.
Por dentro
Justino Handanga, um nome que dispensa apresentações no panorama musical nacional, com um vasto repertório e vários sucessos, nasceu a 1 de Janeiro de 1969, na aldeia de Ndoluka, comuna da Luvemba, município do Bailundo, província do Huambo.
Possui dois discos no mercado musical, sendo o primeiro “Ondjonguele Ya Telisiwã (Alvo Atingido) ”, lançado em 2004 e o segundo “ Homenagem ao empresário Valentim Amões”, lançado em 2011.
Participou, em 2005, da 15ª edição do Top dos Mais Queridos da Rádio Nacional de Angola, ficando em 3° lugar, com a conhecida música “Paulina” e, em 2006, ficou em 5° lugar, partilhando o mesmo palco com o saudoso músico Bangão.
Justino Handanga, músico do estilo popular, iniciou a carreira musical na década de 80, após ter perdido os seus progenitores, aos cinco anos, com a participação no concurso denominado “Pio-Pio”, realizado aos domingos, pela Organização de Pioneiros Agostinho Neto (OPA), no município do Bailundo, onde imitava músicos nacionais e internacionais.
Aos 17 anos, Justino Handanga, um dos pesos-pesados do cancioneiro nacional, ingressou nas ex-Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) e fez parte de um grupo musical da corporação, denominado “Pela Paz”.
O autor dos sucessos como “Ndumbalundo”, “Olonamba”, “Tenho saudades”, “Paulina”, “Carlito” e “Abílio”, ingressou nas fileiras da Polícia Nacional de Angola no dia 10 de Outubro de 1992, após cumprir o serviço militar nas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA). ALH