Luanda - O escritor João Maimona foi consagrado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes (PNCA), edição 2020.
Segundo o júri do prémio promovido pelo Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, presidido por José Octávio Serra Van-Dúnem, o poeta e dramaturgo é um dos poetas mais relevantes da geração 80 do século XX.
Avança que a sua propõe um texto literário/cultural como um amplo campo de possibilidades simbólicas, estimulando a exploração da pertinência da temática e do conteúdo da mesma no campo dos ensaios científicos e filosóficos, no campo da política e, de um modo gera, na vida.
A obra de Maimona contribui para a consolidação do imaginário angolano em todas as suas dimensões e com um elevado grau de sofisticação, trazendo como estratégia de construção estética em poesia as valências das linguagens (cromáticas, sonoras e visuais) e as técnicas subversivas das vanguardas que utiliza, contra a estabilidade e o conformismo, favorecendo a inovação estética e conceptual.
Conforme o júri, na nota explicativa, a obra literária de João Maimona atribui forma aos critérios universais que nos permitem abordar o fenómeno literário e artístico, em Angola, associando à letra escrita, às vozes, aos gestos, às cores e de modo geral às formas gráfico-visuais, reflectindo uma maneira nova de repensar tanto o fenómeno da oralização como o da escrita literária, em si mesma.
João Maimona nasceu a 8 de Outubro de 1955, em Kobokolo, Maquela do Zombo, província do Uíge.
Estudou Humanidades Científicas no ex-Zaire, actual República Democrática do Congo (RDC).
Em 1985, licenciou-se em Medicina Veterinária, pela Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Agostinho Neto (UAN), na província do Huambo.
João Maimona é diplomado em estudos superiores especializados de Virologia Médica e Epidemiologia Animal, pelo Instituto Pasteur de Paris e pela École Nationale Vétérinaire d'Alfort, em França.
Ex-deputado à Assembleia Nacional, de 1993 a 2000, foi membro fundador da Brigada Jovem de Literatura Alda Lara do Huambo. Poeta, dramaturgo e ensaísta, é membro da União dos Escritores Angolanos (UEA).
Com a obra “Trajectória Obliterada (1984)” e Idade das Palavras (1996) foi laureado duas vezes com o Prémio Sagrada Esperança.
Com um conjunto de textos que integram o livro “As Abelhas do Dia” (1987), foi distinguido com a medalha de bronze no Concurso Internacional de Poesia, organizado pela Academia Brasileira de Letras, na Cidade do Rio de Janeiro.
Figura em várias antologias publicadas na Bélgica, Brasil, Espanha, França, Inglaterra, Macedónia e Portugal.
João Maimona tem na sua bibliografia 11 livros poéticos, dentre os quais “ Trajectória Obliterada (1985), Traço de União (1987), Idade das Palavras (1997) e “Festa de Monarquia”(2001), dois de teatro designadamente “Diálogo com Peripécia (1987) e " As Colheitas do Senhor Governador"(2010), bem como dois ensaios, nomeadamente “As vias poéticas da esperança em Agostinho Neto (1989) e Desejo de liberdade e humanização em Agostinho Neto (2002).
O PNCA é a mais importante distinção do Estado Angolano neste sector, tendo como principal objectivo incentivar a criação artística e cultural, bem como a investigação científica no domínio das ciências humanas e sociais.
É atribuído nas categorias de literatura, artes plásticas, dança, música, teatro, cinema e audiovisuais, investigação em ciências humanas e sociais, festividades culturais populares e jornalismo cultural.
O prémio constitui uma homenagem e incentivo ao génio criador dos angolanos, de modo a perpetuar entre os cidadãos ideias tendentes à compreensão das múltiplas formas de criação artística e diversidade das manifestações linguísticas e culturais do povo e da Nação.