Malanje- Responsáveis de grupos carnavalescos de Malanje defenderam, esta terça-feira, maior intervenção dos empresários, como forma de ajudar a melhorar a organização e rentabilizar a maior manifestação cultural do país.
Durante uma mesa redonda que teve como mote “o carnaval actual e do antigamente”, em que participaram responsáveis de grupos carnavalescos, da Direcção Provincial da Cultura e da Associação Provincial do Carnaval de Malanje, no âmbito dos festejos do Carnaval/2021, limitado devido às restrições importas pela Covid-19, a presidente do União Mundo da Catepa, Doroteia Gomes, avançou que é necessário tornar o Entrudo numa verdadeira indústria e deixar de ser uma manifestação meramente folclórica.
Doroteia Gomes sublinhou que, em termos organizativos, o Carnaval actual é mais exigente que do antigamente, o que implica mais custos por parte dos grupos.
A interlocutora afirmou que os valores que têm sido alocados aos grupos representam “uma gota no oceano” e não servem sequer para adquirir a indumentária, pelo que são forçados a aplicar fundos próprios, sem quaisquer garantias de retorno.
António Hebo, responsável do grupo Ana Marimba, corrobora a ideia e afirma que, não obstante as dificuldades, são movidos pelo amor ao Carnaval e pelo sentido patriótico.
Por sua vez, o representante do grupo Unidade da Maxinde, organização que não desfile há mais de cinco anos, Gabriel Gângara, apontou a falta de patrocínio como um dos factores que têm forçado a desistência de grupos.
Considerou haver declínio em termos de participação, uma vez que a fasquia era de cerca de 30 grupos por edição, contra os menos de 15 actualmente.
Por seu turno, Filipe Índua e João Mateus, antigos chefes de departamento da Direcção Provincial da Cultura entre a década de 70 e 80, reiteraram o envolvimento do empresariado neste segmento cultural de modo a aliviar os encargos que pesam sobre o governo.
A par de mais investimentos, o presidente da Associação Provincial do Carnaval de Malanje, Quimunga Artur, assinalou a importância da permanente formação e pesquisa por parte dos grupos, de modo a tornarem a festa mais competitiva, através da exibição dos traços identitários angolanos.
A associação controla, actualmente, 32 grupos carnavalescos, sendo 15 da classe de adultos e 17 infantil.
O grupo União Mundo da Catepa venceu a edição 2020, na categoria de adultos, enquanto o União 4 de Fevereiro sagrou-se campeã na classe infantil.