Saurimo – Os 21 grupos carnavalescos que vão desfilar, esta terça-feira, na edição 2024 do Carnaval, em Saurimo (Lunda-Sul), trazem na bagagem incentivos à agricultura, ao resgate dos valores morais, ao combate à corrupção e à protecção de bens públicos.
Por: João Wassamba, jornalista da ANGOP
Numa ronda efectuada pela ANGOP, segunda-feira, alguns grupos intensificam os retoques finais para o «assalto» ao Entrudo, foi notório o que vem estampado nos panfletos e carros alegóricos, preparados para a folia.
Os grupos defendem que a região é rica em recursos hídricos e solos férteis, que podem propiciar a auto-suficiência alimentar, partindo de uma agricultura de subsistência com a participação activa de todos na promoção deste segmento.
Enquanto isso, outros sustentam que a participação da sociedade na denúncia de crimes também pode ajudar a desencorajar as más práticas que lesam o erário e despertar as autoridades competentes para as medidas que se impõem.
Domingos Guilherme, membro do grupo carnavalesco Assanhados do Txizainga, explicou que, este ano, o seu conjunto leva na bagagem uma mensagem de protecção dos bens públicos, para incentivar as pessoas a preservarem o bem comum.
A título de exemplo, lamentou o facto de duas escolas terem sido vandalizadas, em Saurimo, apenas seis meses depois da sua inauguração, o que « em nada contribui » para o desenvolvimento da província.
Por seu turno, Marta Mbui, dançarina do grupo Carnavalesco do Dala, avançou que o seu conjunto leva consigo uma mensagem de reconciliação nacional e de incentivo à agricultura e à assistência médica.
Explicou que, neste último caso, o propósito é dissuadir a população do recurso a “quimbandeiros” na busca de soluções aos seus problemas de saúde, em detrimento da via convencional.
Prémios
A maioria dos grupos consideram satisfatório o aumento do valor dos prémios a atribuir aos vencedores de cada categoria, com um milhão e 200 mil kwanzas para a classe adulta e um milhão de kwanzas para a infantil, contra os anteriores 500 mil e 300 mil kwanzas, respectivamente.
Para muitos foliões, este valor vem de um certo modo « dignificar » os grupos, porque fazem gastos exorbitantes no pagamento do alfaiate, na aquisição de tecidos e noutros aspectos para uma boa representação.
Defesa da identidade cultural
Não obstante o Carnaval ser uma festa popular que envolve o povo sem distinção, raça, cor e religião, os grupos carnavalescos continuam a conservar a identidade cultural dos seus ancestrais.
A inovação e a qualidade desejada estão dentre vários condimentos que marcam a visibilidade do Entrudo.
Mamadou Seidó, comerciante e apreciador da cultura Cokwe, residente em Saurimo, há 15 anos, diz que assiste ao Carnaval sempre que pode e o que mais gosta tem que ver com a dança Txianda.
Quanto às vestes, sugere que haja melhoria de equilíbrio entre o moderno e o tradicional, porque, argumentou, toda festa carnavalesca evolui com o tempo, sem desprimor pelas culturas herdadas dos ancestrais e transmitidas de geração em geração.
Inovação
Pela primeira vez, a edição 2024 premiará o melhor traje em populares e vai introduzir um bloco de animação, composto por figuras públicas e membros do governo, visando atrair mais apoios e abrilhantar a festa carnavalesca.
Desfilam pela primeira vez, os grupos Ene Mahonga e Cucumbi (Saurimo), na categoria infantil, e Uhenha do Candembe e Muanga Sala, em adultos.
Sobre o asseguramento, o director de comunicação institucional e imprensa da Delegação do Interior na Lunda-Sul, Florêncio de Almeida, têm todas as condições criadas, desde recursos humanos e meios para assegurar a festa carnavalesca.
Apelou à população para festejar o Entrudo/2024 com responsabilidade, sem danificar os bens públicos e manter o respeito mútuos entre concorrentes, para que não haja incidentes que podem perigar a vida alheia.
De resto, a expectativa é enorme para se saber quem vai destronar o grupo carnavalesco Txaco Txetu do Luar, vencedor em adultos da edição/2023 e Mitingui do Dala, em infantil. JW/IZ