Menongue - Fãs e munícipes de Menongue, capital do Cuando Cubango, reconheceram o contributo dado à valorização da cultura nacional pela música em língua umbundu do cantor e compositor Justino Handanga, cujos restos mortais foram hoje, quinta-feira, a enterrar na terra natal, Bailundo, província do Huambo.
Conceituado músico angolano, Justino Handanga morreu segunda-feira, em Luanda, vítima de doença, no Complexo Hospitalar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, onde estava internado desde a semana passada.
Em declarações à ANGOP, o também músico e compositor Abias Cativa Kavuvi destacou as qualidades de Justino Handanga, sobretudo para os amantes da música cantada em umbundu, e para quem esta "separação" deixa muitas lágrimas entre os fazedores da cultura nacional e internacional.
Disse que a morte do músico constitui uma "perda irreparável" para a cultura nacional e para toda a família do Huambo, "porque foi um bom patriota, valorizador, promotor e divulgador da cultura angolana, através da música".
Abias Kavuvi lembrou que partilhou o palco com Handanga, em 2023, nas festividades da cidade de Menongue, tendo-se notabilizado pelo "dom de cantar" em que partilhava o conhecimento musical e o senso de humor.
“Convivi com o músico através do seu filho, com quem concorremos no UNITEL Estrelas ao Palco”, recordou, realçando que Justino Handanga reeducava a sociedade com as suas músicas, retratando a vivência das pessoas de todas as idades.
Apelou aos fazedores de arte a trilharem os mesmos passos de maneira a representar as suas proveniências, para ter aceitação nacional, e defendeu, por isso, a eternização do legado deixado pelo falecido.
Por seu turno, António Sanselo, conterrâneo do malogrado, afirmou que a música de Handanga era bem acolhida pelos seus admiradores, e que o cantor tinha o dom e o conhecimento musicais, porquanto "deixava em delírio" os seus apreciadores, mesmo para quem não entendia a língua umbundu.
Reconheceu que será difícil o país ter outro talento do nível de Handanga, dado o facto de que, na sua música, carrega a alma e os valores culturais que estão presentes na história recente de guerra que assolou o país e o quotidiano dos angolanos.
Para Sonselo, faixas como "Abílio”, "Olonamba”, "Ndumbalundu”, "Ndateka-teka”, "Paulina”, e “Carlitos” são músicas incomparáveis.
Amândio Morais, outro amante da música do malogrado, entende que a morte de Handanga, além de empobrecer a cultura nacional, "enfraquece" as fontes de equilíbrio psico-emocional dos cidadãos angolanos, tendo em conta que cativou multidões e influenciou gerações.
“Participei de dois shows do malogrado, e foi incomparável”, elogiou.
Justino Handanga começou a participar no concurso de música infantil "Pio-Pio”, aos cinco anos, quando o programa era realizado aos domingos, pela Organização de Pioneiros Agostinho Neto (OPA), no município do Bailundo. LMZ/ALK/FF/IZ