Ondjiva - A estátua do rei Mandume Ya Ndemufayo, soberano dos Kwanhama, já se encontra na província do Cunene, apurou a ANGOP este sábado.
A estátua, que estava retida em Espanha desde 2014, por dificuldades de transportação, depois de ter sido encomendada pelo Ministério da Cultura, será montada na Praça Central de Ondjiva, local onde o rei Mandume instalou a sua Embala (Palácio Real) durante o seu reinado entre 1911 e 1917.
A maquete inicial do projecto define que a estátua construída em bronze, com seis metros de cumprimento e quatro de largura, apresente o rei montado num cavalo branco empunhando na mão direita uma arma, simbolizando a guerrilha contra o colono português, e nos pés o seu cão de guarda.
Segundo fonte da ANGOP, técnicos encarregados da montagem da peça, entre os quais dois espanhóis do Ateliê construtor da estátua e quatro angolanos, estão no Cunene desde o passado sábado a desenvolverem estudos técnicos para o processo com previsão de duração de quatro dias.
Legado histórico de Mandume
Pertencente ao reino mais poderoso da tribo Ambós, o rei Mandume–ya-Ndemufayo comandou os destinos do povo Kwanhama num dos períodos mais difíceis da história da região sul, de 1911 a 1917.
Nascido em 1892, na localidade de Embulunganga, município do Cuanhama, filho de Ndemufayo e de Ndapona, Mandume, o 18º soberano da tribo Kwanhama, subiu ao trono aos 19 anos.
Reza a história que Mandume defendeu a sua população durante o seu reinado e morreu a 6 de Fevereiro de 1917 na povoação de Oihole, município de Namacunde, por suicídio.
No local foi construído um monumento turístico e cultural onde se encontra o túmulo do rei, inaugurado em 2002, pelo então presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, na presença do ex-presidente da Namíbia Sam Nujona.
O povo ambó (sul de Angola e norte da Namíbia) celebra, anualmente, a morte do rei Mandume-ya-Ndemufayo, destacado líder da resistência contra a ocupação colonial portuguesa na região Sul de Angola, que preferiu matar-se para não ser dominado.
O rei é venerado por preferir suicidar-se a ser capturado e, consequentemente, colonizado pelos portugueses, após o enfraquecimento do seu Estado pelas forças ocupacionistas.
Desde então, o seu nome e feitos ficaram marcados na tradição dos Ambós, que o apelidaram de "O cavaleiro incomparável".
No seu túmulo estão inscritas as suas célebres palavras: "Se os ingleses me procuram, eu estou aqui, e eles podem vir e montar-me um ardil, não farei o primeiro disparo, mas eu não sou um cabrito nas mulolas, sou um homem (...) e lutarei até gastar a minha última bala".