Caála – Narciso Tchipiquita, de 43 anos de idade, foi entronizado, este domingo, como 30º rei do Chingolo, município da Caála, província do Huambo, em substituição do seu avô, António Moreira, falecido em 2023.
Com a ombala localidade na comuna da Catata, a 97 quilómetros a Sul da cidade da Caála, o novo soberano passa ser designado de Rei Tchipiquita II.
A cerimónia, presenciada pelos soberanos do Bailundo, Chiyaca, Huambo e sambo, para além do director do gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos na província do Huambo, Jeremias Piedade, e da administrador do município da Caála, Rúben Etome, foi marcada por vários rituais em obediência aos antepassados.
Antes de entrar no local da entronização, os convidados cumpriram os rituais de acesso, entre os quais a unção das mãos com óleo de palma e folhas de “elimbui” e a entrega de valores monetários.
Após o cumprimento destes aspectos tradicionais, o novo soberano dirigiu-se a residência oficial (Olombe) em companhia dos membros da corte e dos sobas da região.
Em acto contínuo, o novo soberano testemunhou o abate de um bovino, em obediência aos ancestrais, levando consigo um balaio de fuga branca com sal, para dar de comer ao animal a ser sacrificado, com o objectivo de se saber se o ritual foi ou não aceite.
No final, o novo rei recebeu as vestes de soberano, acompanhada de uma dança tradicional, cujos participantes exigem o chifre do animal sacrificado, como forma de respeito aos antepassados.
Na sua intervenção, rei do Bailundo, Tchongolola Tchongola, aconselhou a necessidade de o novo soberano do Chingolo trabalhar em prol do povo, a quem servirá de ponte com o Governo.
Lembrou que o rei, entre varias qualidades, deve ser mediador, humilde, exemplar e acolhedor, para atender as aflições da população sem distinção.
Por seu turno, o rei do Huambo, Artur Moço, recomendou a união entre os membros da corte, com foco na resolução dos problemas das comunidades, cujo envolvimento de todos é fundamental.
Em representação do governador da província do Huambo, o director do gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Jeremias Chissanga, destacou a trajectória histórica deste reino, sobretudo, no contexto social e cultural.
Em breves declarações, o novo rei do Chingolo apontou a mobilização da população para a produção e desenvolvimento local, preservação dos bens públicos e, nos primeiros dias do seu reinado, a sensibilização para o Censo, com início previsto para 19 do corrente mês, como uma das principais metas.
A ombala Chingolo conta com 390 sobas, distribuídos por todas as localidades do município da Caála, um dos 11 que compõem a província do Huambo, foi fundada em 1660, pela rainha Chingolo, tendo já passado por lá 29 soberanos.
Com uma população estimada em dois milhões 800 mil habitantes, esta região, localizada no Planalto Central de Angola conta com cinco reinos tradicionais, designadamente Bailundo, Chingolo, Chiyaka, Huambo e Sambo. MLV/JSV/ALH.