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Classificação da Missão Dondi à Património Nacional atribui valor merecido

     Cultura              
  • Huambo • Quinta, 09 Junho de 2022 | 20h31
Um dos edifícos da Missão Evangélica do Dondi
Um dos edifícos da Missão Evangélica do Dondi
Valentino Yequenha

Huambo - A classificação da Missão Evangélica do Dondi como Património Cultural Nacional atribui um valor merecido ao empreendimento, tendo em conta o papel que desempenha tanto no campo da evangelização, como da formação de quadros.

Fundada a 05 de Outubro de 1914, a Missão do Dondi,   propriedade da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA), é tida como uma das principais referências da evangelização e berço da formação de quadros em Angola.

Localizada no município do Cachiungo, província do Huambo, a Missão do Dondi foi inscrita e classificada como Património Cultural Nacional, no passado dia 18 de Abril, no quadro das jornadas comemorativas ao Dia Mundial dos Monumentos e Sítios.

Neste momento, o local aguarda apenas pelo acto de colocação da placa de identificação, por parte do Ministério da Cultura, Turismo e  Ambiente.

Abordado pela imprensa, esta quinta-feira, o secretário da IECA na província do Huambo, reverendo Gilberto Jamba Ndunduma, destacou a iniciativa do Governo angolano, salientando que a iniciativa atribui a importância e o valor que o local merece.

Conforme o religioso, esta acção demonstra a importância que o governo reserva a este importante espaço que formou bastantes quadros que contribuíram e contribuem para o desenvolvimento socioeconómico do país, não obstante o valor da evangelização, como foco dos primeiros missionários em Angola.

Já o pastor e professor do seminário Emanuel Unido do Dondi, Tarcísio Petro Tchocombongue, a elevação do local à Património Cultural Nacional, justifica-se por ser um espaço cujo valor transcende a dimensão da  igreja e abrange toda a sociedade angolana.

Acrescentou que a missão representa o berço da intelectualidade em Angola, por formar, desde a sua fundação, cidadãos de todos os cantos do país e de diversas denominações religiosas.

“Se em Angola se pode contar espaços territoriais  que serviram e continuam a servir a Nação, este é um deles com valor histórico-cultural que, apesar de nascer como missão, hoje já tem um valor de património cultural nacional”, enfatizou.

Acrescentou que a importância histórico-cultural do espaço consiste no facto de ser a primeira na província, a ter um hospital para prestar a assistência médica/medicamentosa à população, para além de formar jovens em diversas áreas do saber.

Por isso, destacou, esta acção e outras que têm sido desenvolvidas pelo Governo angolano, sobretudo na reabilitação de algumas infra-estruturas, representa uma valorização no sentido de se retribuir o valor necessário daquilo que foi o papel desenvolvido pela missão no passado e que tem sido no presente.

Missão do Dondi – local de fé, evangelização e ensino

Apesar de ser uma das principais referências da expansão do evangelho  em Angola, é a formação de quadros que constitui uma das principais "bandeiras" da missão.

Com duas instituições de ensino, o Seminário Evangélico Emanuel do Dondi, vocacionado à formação de pastores de nível médio, e o Instituto Currie e a escola Means, para a formação técnicos médios, a  mesma forjou vários quadros, do posto de vista religioso e social.

Entre os estudantes, destaca-se figuras como dos secretários gerais eméritos da IECA, José Belo Chipenda, Augusto Chipesse e do actual André Cangovi Eurico, para além da secretária-geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), Deolinda Dorcas Teca.

A par da vertente teológica e académica, os quadros beneficiavam, igualmente, de formação técnico-profissional nas áreas agro-pecuária, carpintaria, serralharia, marcenaria e artes domésticas, para o caso das mulheres.

O local, que teve o bispo emérito da Igreja Metodista Unida, Emílio Júlio Miguel de Carvalho, com um dos reitores, tem ainda o histórico de, no passado, servir de fonte no recrutamento de funcionários para os Caminhos-de-Ferro de Benguela, sobretudo, para o caso de escriturários dactilógrafos, sempre que aquela instituição do sector dos transportes necessitasse.

O sector da saúde é um dos segmentos  que torna, igualmente, o local numa das maiores referências com valores sociais para o país, por devolver, desde cedo,   o bem-estar físico e psicológico de centenas de cidadãos das aldeias circunvizinhas.

Com uma unidade sanitária projectada para 80 camas, o estabelecimento é tido como um dos centros de restauro da saúde visual, devido às operações de cataratas que têm sido realizadas regularmente.

Construção de universidade restaura papel da missão  

O conflito armado que  assolou o país durante 30 anos, não poupou as instalações da missão, que viu parte das suas instalações arruinadas, facto que obrigou à paralisação do seu funcionamento por muito tempo.

Com escombros ainda visíveis, a recuperação da missão afigura-se, desde o alcance da paz, em 2002, como um dos principais desafios da direcção da igreja, na perspectiva de dar continuidade ao cumprimento do seu papel na formação de ministros do evangelho e quadros para a sociedade.

Entre os principais projectos da congregação religiosa, consta a instalação de um campus universitário, com a capacidade para albergar por ano, numa primeira fase, mais de 800 estudantes.

O empreendimento, um sonho projectado desde a fundação da missão e reatado em 2016, aguarda pela aprovação do Governo angolano para a sua efectivação, cujo foco é proporcionar a formação académica universitária às camadas sociais mais baixas.

A ser erguido numa área de 380 hectares, dos mais de três mil e 800 disponíveis, ao projecto prevê formar licenciados nas especialidades de Teologia, Silvicultura, Agronomia, ciências de saúde (Enfermagem Geral e Análises Clínicas) e da educação (Biologia, Psicologia e Física).

A Missão Evangélica do Dondi foi fundada em 1914, por missionários canadenses e americanos.

Fundada a 11 de Novembro de 1880, pelos missionários americanos Bagster, William Henry Sanders e Samuel Taylor Miller, a IECA foi reconhecida pelo Governo Angolano a 24 de Janeiro de 1987, sob o Decreto Executivo nº 9/87 e, sob o Registo nº 1, de 24 de Outubro de 2005 do Ministério da Justiça e do Direitos Humanos.





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