Lisboa (Da correspondente) - Uma exposição denominada “Vox Populi”, da autoria do artista plástico angolano Nelo Texeira, será inaugurada sábado, em Lisboa (Portugal).
O conceito de “Vox Populi”, entendido aqui como a ressonância da voz colectiva, emerge na prática de Nelo Teixeira através da incorporação gráfica de expressões vernaculares que se assumem simultaneamente denúncia e enunciação, clamores poéticos e políticos.
Primeira mostra individual do artista em Portugal, constitui uma intervenção monumental que formaliza e problematiza o universo singular de NeloTeixeira - uma das mais icónicas figuras do panorama artístico da arte contemporânea angolana.
A exposição, que estará patente até 21 de Março do ano em curso, conta com um conjunto inédito de cerca de 20 obras que atravessam as línhas de fronteira entre a arte naïf, a arte bruta e a narrativa sociopolítica.
Desenha uma cartografia crítica da condição humana e social em Angola, enraizada no diálogo entre precariedade, resistência, resiliência e memória.
Frases estas que transcendem a linguagem para se inscreverem como actos performativos.
Estas expressões são frequentemente integradas em suportes produzidos a partir de materiais descartados — latas, papeis, revistas e jornais, tecidos, pacotes de whisky, sucata, tintas industriais descartadas, fragmentos procedentes do movimento de implosão das favelas de Luanda.
“Vox Populi” articula-se assim como uma polis encarnada: um espaço onde o material, o vernacular e o simbólico convergem para dar corpo à voz de uma nação.
Natural da província do Zaire, em Angola, Actualmente, vive e trabalha entre Lisboa e Luanda, desenvolvendo um corpo de trabalho que reflecte sobre território, identidade e transformação social e que se afirma como instrumento de resistência e reinvenção colectiva.
Em 2015, Nelo Teixeira representou Angola na Bienal de Veneza, integrando o Pavilhão "On Ways of Travelling" ao lado de António Ole, Binelde Hyrcan, Délio Jasse e Francisco Vidal.
Na ocasião, apresentou uma instalação de esculturas antropomórficas compostas por madeira, metal e materiais reaproveitados.
Desde então, tem vindo a expôr em diversas geografias, consolidando uma prática que cruza tradição e contemporaneidade, arte e activismo.
EJM/SEC